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Crime na 113 Sul: Delegada deverá pedir a prorrogação do prazo de conclusão do inquérito

A delegada responsável pelo caso do triplo assassinato na 113 Sul, Martha Vargas, precisou dar um tempo nas diligências para cuidar de papelada. Ontem, ela chegou à 1; Delegacia (Asa Sul) somente no início da noite, por volta das 19h30, com envelopes e formulários contendo o slogan da Polícia Civil do Distrito Federal. Embora a direção da corporação tenha garantido que a chefe da 1; DP ficará à frente do trabalho, Martha deverá protocolar um pedido de prorrogação das investigações no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). Isso faz parte dos procedimentos normais da corporação.

Uma fonte ouvida pelo Correio confirmou que a ausência da delegada durante a manhã e a tarde de ontem tem a ver com o fim do prazo de 30 dias estipulado pela Justiça para a conclusão do inquérito policial. O prazo começou a contar na noite de 31 de agosto, quando foram descobertos os corpos do ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) José Guilherme Villela, 73 anos, da mulher dele, Maria Carvalho Mendes Villela, 69, e da empregada do casal, Francisca Nascimento da Silva, 58. Os cadáveres estavam no apartamento dos Villela, o 601/602 do Bloco C da 113 Sul.

O trabalho e a pressão têm sido extenuantes. Até agora, os policiais já colheram mais de 80 depoimentos. Além de analisá-los mais de uma vez, Martha terá de se debruçar sobre os resultados já disponíveis das perícias ; foram feitas 12 no imóvel. Ela terá de transformar todo esse material num calhamaço que vai compor o relatório a ser encaminhado ao MPDFT até a próxima quarta-feira, quando se completa um mês (1)desde que os corpos foram achados. O prazo pode ser prorrogado quantas vezes a autoridade policial achar necessário, embora exista o costume de encaminhar casos de homicídios não solucionados pelas delegacias circunscricionais à Coordenação de Investigação de Crimes Contra a Vida (Corvida).[SAIBAMAIS]

De acordo com o diretor do Departamento de Polícia Circunscricional (DPC), André Victor do Espírito Santo, ;não há ainda uma linha definitiva do caso, ou seja, se foi somente um triplo homicídio ou latrocínio;. Por isso, não se pode encaminhar o processo à Corvida. Se ficar comprovado se tratar de um roubo com morte comum, o caso poderia até seguir para a Delegacia de Repressão a Roubo (DRR).

Martha chegou sorridente e com visual novo ; agora de cabelos escovados e repicados na frente. Perguntada sobre como está o andamento das investigações, ela evitou detalhes e preferiu se justificar. ;Ao contrário do que pensam algumas pessoas, todos os depoimentos tomados são importantes e acrescentam muito ao inquérito;, disse, referindo-se à convocação de porteiros de prédios vizinhos ao do crime. Todos os funcionários dos blocos disseram que nada viram ou ouviram de suspeito na sexta-feira em que ocorreram as três mortes.

1 - Crueldade
Embora os cadáveres só tenham sido descobertos na segunda-feira 31 de agosto, a data estimada das mortes é a sexta-feira anterior, dia 28, entre as 19h30 e as 20h30. José Guilherme, Maria e Francisca morreram de forma cruel: levaram, ao total, 73 golpes de faca e não puderam se defender.

OAB ainda sem laudos
Como nem todos os laudos elaborados pelos institutos de Criminalítisca (IC) e de Identificação (II) estavam prontos até ontem, a visita do criminalista Raul Livino, representante da Ordem dos Advogados do Brasil seção Distrito Federal (OAB/DF), foi adiada para hoje. A entidade de classe acompanha as investigações desde a segunda semana de trabalhos da polícia. José Guilherme Villela e Maria eram advogados e administravam um dos mais conceituados escritórios de advocacia de Brasília.

Livino disse esperar que a delegada Martha Vargas tenha novidades concretas em relação ao crime da 113 Sul. O advogado criminalista se referia às novas evidências enviadas pelo II à 1; DP no fim da tarde de ontem. Um dos agentes que levava o material afirmou que se tratava de novas impressões encontradas no apartamento.

Mais tarde, o mesmo agente civil retornou com novo material. Dessa vez, comentou que eram fichas de pessoas com passagem pela polícia. Segundo ele, os investigadores vão confrontar as digitais estranhas (1)encontradas na cena da tragédia com as dos fichados, pois a maneira como agiram os autores do triplo homicídio na 113 Sul se parece com a atuação de alguns bandidos conhecidos. ;Queremos que tudo o que foi colhido nesses 24 dias de investigação seja repassado para a gente;, garantiu Livino.

Um dos laudos que Livino também aguarda é o das imagens confiscadas do circuito de câmeras de segurança de prédios vizinhos ao Bloco C da 113 Sul. Elas foram analisadas com a ajuda de equipamentos sofisticados trazidos de São Paulo. A expectativa é que as cenas apontem ao menos o suspeito de matar o trio. Ontem, o Correio informou que a polícia já dá como certo que os brutais assassinatos contaram com um mandante e um executor.

1 - Informática
Segundo fontes ligadas à apuração do crime, não foram encontradas impressões digitais nítidas no apartamento dos Villela, a não as dos que ali moravam. Os peritos detectaram marcas fragmentadas e vem reconstruindo as digitais com o auxílio de um sofisticado programa de computador.