A polícia indiciou nesta terça-feira (22/9) um homem que se passava por juiz arbitral, advogado e ex-desembargador para enganar pessoas. O fazendeiro Sérgio Marcus Baesse de Souza, 65 anos, cobrava valores altos para resolver problemas na Justiça de vítimas que o procurava. Após denúncias, a polícia encontrou o estelionatário em Luziânia (GO) e o encaminhou até a 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) para prestar esclarecimentos. Na delegacia, ele não quis falar sobre as acusações e foi liberado, pois não houve flagrante.
Uma das vítimas de Sérgio foi o lanterneiro Francisco das Chagas Souza, 60 anos, que contratou os serviços profissionais do falso advogado por R$ 15 mil para tentar uma prisão domiciliar para seu filho Francenilton de Lima Souza, que cumpre pena no Presídio do Distrito Federal e sofre com um tumor cerebral.
Apresentado por uma terceira pessoa, Sérgio chegou à residência do lanterneiro pilotando um BMW azul e se apresentou como sendo o advogado José de Almeida Tourinho, inscrito na OAB/DF sob o número 1.061. Cobrou R$ 40 mil para assumir a causa, mas aceitou reduzir os honorários para R$ 30 mil. Recebeu R$ 15 mil adiantado, dinheiro conseguido por Francisco após a venda de um lote, e deixou a outra metade para quando libertasse o filho do cliente.
Como não percebeu nenhuma movimentação processual, o lanterneiro desconfiou. O falso advogado ainda insistiu, por telefone, para que Francisco das Chagas depositasse R$ 5 mil numa conta da Caixa Econômica Federal, em nome de uma terceira pessoa, mas a vítima preferiu procurar a polícia.
A Polícia Civil descobriu que José de Almeida Tourinho é Sérgio Baesse, inscrito no Sindicato dos Juízes Arbitrais do Brasil, e usava ilegalmente a inscrição do advogado Carlos Alberto na Ordem dos Advogados do Brasil, seção do Distrito Federal.
"Ele vive disso, já há provas que ele aplicou o golpe em Minas Gerais e Goiás", afirma Miguel Lucena, delegado-chefe da 6ª DP. "O inquérito já foi instaurado e estamos reunindo as provas que comprovem os crimes", completa. Sérgio Baesse tem passagens por estelionato e falsificação de documentos, no Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais. Por mais esse crime, Sérgio pode pegar uma pena que varia de um a cinco anos de reclusão.
Previna-se
O delegado Miguel Lucena alerta a população para escapar desse tipo de criminoso. "Se desconfiar da atitude da pessoa, é importante primeiro procurar os órgãos reguladores da profissão, por exemplo, se for advogado procure a OAB e veja se ele está cadastrado", afirma.
Se comprovada a irregularidade, a vítima deve avisar aos órgãos e também a polícia. "A polícia deve ser procurada para que possamos averiguar a situação e posteriormente, se o golpe já tiver sido aplicado, a vítima deve procurar a justiça para reaver o dinheiro", explica.