O caso registrado no Bloco B3 da Quadra 7 não é isolado. Pelo contrário, é raro encontrar um prédio da região que não tenha sofrido arrombamentos ou tentativas de invasão. Há duas semanas, a situação piorou e as ocorrências se transformaram em problemas diários. Os relatos são semelhantes: os criminosos agem durante o dia e descobrem por meio do interfone os apartamentos que estão vazios. A partir daí, se aproveitam de distrações dos moradores ou quebram as fechaduras das portarias para ter acesso aos imóveis. Com a ajuda de ferramentas, arrombam as portas e levam tudo o que podem carregar.
Normalmente, os criminosos não retiram nada muito volumoso. Dão preferência a objetos menores, porém valiosos, como máquinas fotográficas, filmadoras ou notebooks. No fim, colocam tudo em uma mochila e fogem sem chamar atenção. Nem a Polícia Civil nem a Polícia Militar têm estatísticas precisas de quantos apartamentos já foram furtados no Sudoeste Econômico. Diante dos casos, a comunidade se mobiliza para cobrar mais segurança para a região e, principalmente, para evitar novos casos de arrombamentos.
Alarmes, câmeras de segurança e grades são as principais opções na luta contra a crescente violência. No edifício invadido na última segunda-feira, a comunidade vai realizar uma assembleia nos próximos dias para decidir que medidas tomar. ;Estamos estudando a possibilidade de instalar câmeras e colocar grades nas portarias. É lamentável essa violência, muitas pessoas já estão até pensando em vender o apartamento e se mudar daqui;, conta a síndica do Bloco B3 da Quadra 7, Aline Torres. O custo da proteção é alto. Uma grade individual varia entre R$ 300 e R$ 1 mil. Já o sistema de oito câmeras que gravam pode alcançar R$ 5 mil.
Pé de cabra
O analista de relações internacionais Aaron Zveiter, 27 anos, começou a pesquisar preços de imóveis na Octogonal depois que sofreu uma tentativa de arrombamento, na semana passada. Até mesmo a caixa de correspondência foi roubada. Os criminosos forçavam a porta com um pé de cabra quando o zelador ouviu barulhos. Ao entrar na portaria, ele viu dois homens no primeiro andar. ;Os bandidos mostraram um punhal ao porteiro, deram bom-dia e saíram como se nada tivesse acontecido. Por pouco eles não entraram no apartamento;, afirma Aaron. ;O Sudoeste era seguro, mas agora todo mundo vive com medo. Estou pensando seriamente em me mudar;, acrescenta.
No edifício da professora Alzira Neves, 30, as portarias foram fechadas com grades depois do arrombamento de dois imóveis, no início do ano. A medida gera desconforto, já que para receber visitas é preciso descer ao térreo para destrancar a porta de ferro. ;Apesar desse porém, acho que foi uma decisão acertada. Me sinto mais segura agora e, depois das grades, ninguém mais foi roubado;, destaca a professora.
Em julho, o Sudoeste Econômico enfrentou a primeira onda de furtos. Na época, a polícia conseguiu deter o responsável pela maioria dos casos. Idelsi Alves da Silva foi preso depois da divulgação de seu retrato. Desde então, praticamente não houve registros de furtos. Mas, há 10 dias, as reclamações voltaram.
O delegado-chefe da 3; Delegacia de Polícia, Aluízio Gonçalves de Carvalho, conta que está investigando os casos. ;Depois da prisão do Idelsi, as coisas ficaram tranquilas. Mas identificamos que há outra pessoa agindo e já estamos trabalhando para que ela seja presa rapidamente;, afirma o delegado.
O comandante da 11; Companhia de Polícia Militar Independente, major Alfredo Luney Leite, revela que há muitas marcas de impressão digital dos criminosos nas portas arrombadas ; o que pode ajudar na identificação do bandido. ;Esta semana, já me reuni com o doutor Aluízio (da 3; DP) para discutir esse assunto. A inauguração do quartel (da 11; CPMind, que está em obras) vai ajudar a reduzir os furtos, mas as pessoas também precisam ficar atentas para não permitir a entrada de estranhos nos prédios;, orienta o major Alfredo.
; Previna-se
Dicas de como se proteger de furtos e arrombamentos:
É preciso ter cuidado para que a portaria fique permanentemente fechada. Muitos moradores não batem a porta ao saírem do prédio.
Muitos edifícios optam por não pagar um zelador. Mas a presença do porteiro, pelo menos durante o dia, pode contribuir bastante para afastar os bandidos.
A colocação de grades nas portarias ou individualmente, nas portas de cada apartamento, deve ser discutida entre os moradores durante as assembleias. Elas inibem a entrada de criminosos, mas devem permanecer com trancas durante todo o dia.
Muitos bandidos interfonam aos apartamentos e dizem que esqueceram as chaves ou que estão fazendo um teste nos aparelhos. A dica é para nunca abrir a porta de entrada para estranhos, por mais verídico que pareça o discurso.
Em caso de arrombamento, o dono do apartamento deve evitar tocar na porta antes de chamar a polícia. Assim, será mais fácil identificar impressões digitais dos bandidos.
; A quem recorrer
Telefone para casos de emergência: 190
Telefones do posto de segurança comunitária do Sudoeste: 3910-1019. 3363-5164 / 3361-5607