Jornal Correio Braziliense

Cidades

Crianças que fazem parte de projetos sociais conhecem a magia do Cirque du Soleil

Parecia um sonho, mas a noite de quinta-feira (17/9) foi real e inesquecível para cerca de 500 crianças e adolescentes. Convidados pelo Cirque du Soleil para assistir ao último ensaio técnico de espetáculo Quidam antes da estreia em Brasília, eles puderam ver de perto a magia e o encantamento de uma das mais prestigiadas companhias circenses do mundo, realização que parecia distante para eles.

Minutos antes do início do espetáculo, era grande a expectativa fora da tenda, montada ao lado do Estádio Mané Garrincha. Um grupo vindo de Goiânia chegou animado. "É uma alegria imensa estar aqui. Toda a turma está sonhando com isso desde o dia que recebemos o convite", diz Raquel Bittencourt, produtora de eventos do Circo Laheto, Organização Não Govenamental (ONG) e escola de circo.

Do Laheto vieram 120 alunos e 37 professores e funcionários. Raquel vê o espetáculo como um estímulo para a trupe goiana, formada por jovens de 7 a 18 anos da rede pública de ensino. "É como se significasse o futuro deles. O que começou como uma brincadeira pode se tornar profissão", acredita a produtora.

Os integrantes do Centro Cultural e Social Grito de Liberdade, entidade que trabalha com ação social em 21 cidades do DF e Entorno, faziam uma festa a parte. Muito bem ensaiados, eles mostraram que entendem do assunto. Encenaram um número de palhaços e até arriscaram saltos mortais. "Meu sonho é ser palhaço desde que começei a fazer aula de circo", confessa Carlos Roberto Barbosa, de 12 anos, morador da Divinéia, no Núcleo Bandeirante. Já os irmãos Gleidson Pereira Santana, 12, e Cleiton Pereira Santana, 11, moradores do Riacho Fundo I, gostam mesmo é de saltos e malabarismo. "Quero ver para aprender", disse Cleiton.

A ONG Grito de Liberdade levou 60 crianças ao Quidam. Para o responsável pelo grupo, o contramestre de capoeira Bocão, o circo é onde a criança desperta a fantasia e a imaginação. "Só de ver a alegria deles o trabalho já compensa. Eles vão guardar essa lembrança por anos."

Recepção calorosa
Dentro da tenda, a empolgação tipicamente brasileira chamou a atenção da equipe. "Eles gritam e batem palmas enlouquecidamente. Mostram-se muito apaixonados e entusiasmados com o espetáculo", disse Sean Mckown, diretor artístico de Quidam.

[SAIBAMAIS]A satisfação podia ser percebida nos olhos de cada um enquanto assistia ao espetáculo. A aprovação foi unânime. Emocionado, Carlos Roberto nem conseguia falar direito no intervalo. "Gostei de tudo, a melhor parte foi a do diabolô", referindo-se ao momento do espetáculo em que meninas fazem malabarismos com um ioiô chinês.

"Você viu aquela mulher que balançava na corda? Eu pensei que ela fosse cair", perguntou Sara Borges Alexandre, 11, moradora da Divinéia. "Achei tudo legal. Eles são muito fortes para conseguirem pular uns nos braços dos outros", disse Riquelma Tamara, 13, também integrante do Grito de Liberdade.

A artista Gracilene Oliveira de Moura, uma entre os quatro brasileiros que participam de Quidam, falou da importância social desse tipo de arte. "O circo tem ajudado muita gente, tem tirado crianças das ruas", diz. Ela aproveitou a oportunidade para incentivar jovens que querem seguir a carreira circense: "É difícil no começo, mas vale muito a pena".

As instituições que receberam o convite do Cirque de Soleil fazem parte da Rede Circo do Mundo Brasil, entidade formada por 25 organizações que usam a concepção político-pedagógica do Circo Social. Uma média de dez mil crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social é atendida. Esta ação havia sido feita também nos espetáculos Saltimbanco e Alegría, que estiveram no país em 2004 e 2007, respectivamente.

O convite surpreendeu a coordenadora de produção da Central Única das Favelas (Cufa), Renata Neves. "O espetáculo foi incrível. Até agora estamos de boca aberta. É um evento de alto nível para jovens que não teriam condições de pagar", comentou.

SERVIÇO
Quidam estreia hoje (18/9) e fica até 4 de outubro no estacionamento do Estádio Mané Garrincha, com capacidade de 2.600 pessoas por show. A duração é de 150 minutos com intervalo de 30 minutos.

Horário: quinta e sexta, às 21h, sábado, às 17h e 21h, e domingo, às 16h e 20h.

Preços: Todos os ingressos com descontos de R$ 100. Locais de vendas na Fnac (Parkshopping) e Brasília Shopping. Premium tapete vermelho (área vip e open bar) a R$ 680 e R$ 435 (meia); premium a R$ 490 e R$ 245 (meia); setor 1 a R$ 420 e R$ 210 (meia); setor 2 a R$ 350 e R$ 175 (meia) e setor 3 a R$ 230 e R$ 115 (meia). Central de vendas: 4004-3100.

Classificação: Não recomendado para menores de 13 anos; os menores dessa idade devem estar acompanhados dos pais ou responsáveis. Ainda há ingressos disponíveis para todos os lugares.