A rotina da aluna de fisioterapia Mariana Mota Carvalho, 19 anos, vai mudar no início de outubro. Além de ter contato com as aulas teóricas, a estudante do 2; semestre do Centro Universitário Unieuro cumprirá 20 horas semanais de prática no Hospital de Base de Brasília (HBDF), durante seis meses. Ela está entre os 140 alunos dos cursos de saúde ; enfermagem, farmácia, nutrição e fisioterapia ; que participarão de um projeto desenvolvido pelo hospital em parceria com a faculdade, intitulado Universitário que Acolhe (Uqua). Os alunos dos dois primeiros anos dos cursos serão responsáveis pelo acolhimento dos pacientes e familiares que chegarem ao local. De quebra, eles terão contato com a rotina de um dos hospitais mais reconhecidos do Centro-Oeste.
Mariana confessa que está ansiosa e curiosa diante da experiência. ;É uma verdadeira oportunidade. Normalmente, a gente só consegue estágio no fim do curso. Com esse projeto, vou conviver com a realidade do hospital, mesmo sem trabalhar especificamente na minha área;, conta. Esse será o primeiro contato profissional de Mariana dentro de uma unidade hospitalar. E ela aproveitará para colocar em prática o trabalho de humanização de pacientes que tanto escuta na sala de aula. Para a universitária, os pacientes são normalmente tratados com frieza nos leitos dos centros de saúde. ;A doença não é tudo o que o paciente tem. São várias outras coisas por trás. Mas a gente só sabe se tiver uma relação mais humana com essa pessoa;, ressalta.
O convênio foi assinado pelo HBDF e a Unieuro, há duas semanas. Os estudantes inscritos participarão do programa, que também contará como atividade extracurricular e projeto de extensão. Eles serão responsáveis pela recepção dos doentes e pelo encaminhamento deles pelo hospital. A condição para ganhar a vaga no projeto era participar de um treinamento, realizado no último dia 11 e que ocorrerá também hoje. Os voluntários aprenderam como abordar o paciente, o funcionamento do Sistema Único de Saúde e sobre ética. ;Este trabalho permite que o aluno tenha contato com o ambiente profissional o mais cedo possível. Assim, ele descobre se é o que ele quer. Se não, dá tempo de mudar de ideia;, explicou o coordenador do curso de enfermagem da Unieuro, Alexandre Freire Jorge.
Atenção
Os maiores beneficiados, no entanto, serão os pacientes do Hospital de Base. Segundo a coordenadora do projeto, a enfermeira Simone Barcelos dos Santos, o número de servidores nem sempre é suficiente para a grande demanda que o hospital recebe diariamente. Mas, com os alunos voluntários, a realidade pode mudar com um acolhimento qualificado àqueles que procuram o local para tratamento. ;Hoje em dia, com a demanda que recebemos e a quantidade de servidores que possuímos nem sempre conseguimos dar essa atenção. Os funcionários ficam se sentindo mal e o paciente poderia receber mais;, lamentou Simone Santos, que trabalha no HBDF. Os estudantes ficarão nas portarias central e do pronto-socorro e na sessão de internação. ;Os pacientes costumam chegar aqui desorientados. E os alunos vão ajudá-los para que sejam mais bem atendidos no hospital;, acrescentou Simone.
Apesar das dificuldades enfrentadas, o Hospital de Base é um dos mais conceituados do Centro-Oeste. Com 49 anos completados no último dia 12, a unidade se tornou referência em medicina na região. Cerca de 8 mil pessoas passam, diariamente, pelo hospital e 500 estão internadas lá. Pacientes vêm de vários estados do país em busca de tratamento único em neurologia, câncer e em cirurgia torácica. O hospital ainda se destaca pelo atendimento na área broncoesofagologia, em que são realizados exames endoscópicos das vias aéreas e do esôfago.