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Cidades

Médicos da rede pública poderão ter bônus por produtividade

Ganho extra levará em conta a quantidade e a qualidade do atendimento feito por eles nos hospitais. Além disso, o GDF planeja descentralizar a gestão das unidades

A Secretaria de Saúde prepara um pacote de medidas para melhorar o atendimento de pacientes nos hospitais da rede pública do Distrito Federal. A primeira delas deve ser anunciada nos próximos dias, quando o governador José Roberto Arruda vai assinar um decreto transformando os hospitais regionais em unidades gestoras de orçamento. Isso, na prática, significa que cada unidade da rede terá recursos próprios e os diretores delas receberão autonomia para administrar o dinheiro. Além disso, o governo quer incentivar os médicos a atenderem mais, e melhor, os pacientes. Para isso, vai dar uma gratificação salarial por produtividade no turno de trabalho.

As duas propostas ainda precisam ser aprovadas por lei e o governador vai enviar projetos para apreciação dos deputados distritais ainda este ano. A descentralização da gestão dos hospitais deve ocorrer primeiro porque a Procuradoria do DF está finalizando a análise do texto que deve ser assinado por Arruda. Depois disso, o projeto será imediatamente mandado para a Câmara Legislativa. ;Acreditamos que, tão logo o decreto seja assinado, os diretores já terão alguma capacidade para administrar as pequenas despesas;, afirma o secretário adjunto de Gestão da Secretaria de Saúde, Fernando Antunes.

A segunda medida é mais polêmica e a Secretaria de Saúde, apesar de estar decidida a colocá-la em prática, prefere antes chegar a um acordo com o Sindicato dos Médicos, que é contrário à proposta. A ideia é que os médicos tenham uma remuneração fixa, que varia de acordo com a carga horária dada por eles nos hospitais, e receba uma gratificação que vai depender do trabalho desempenhado. ;Se dois médicos estão no pronto-socorro e um consegue atender 30 pacientes em 12 horas e o outro só consegue atender 10, é claro que o salário desses profissionais deve ser diferenciado;, defende Antunes.

O secretário adjunto garante que não vai apenas levar em consideração a quantidade do trabalho e promete medir, também, a qualidade dos atendimentos, exames ou cirurgias. Antunes diz que a Secretaria de Saúde vai avaliar a satisfação dos pacientes, o índice de retorno deles aos hospitais e a taxa de resolução dos problemas feita por um único profissional. ;A quantidade é apenas um aspecto da produtividade. Existe um procedimento de controle de qualidade que a rede privada já faz. É o paciente que retorna, uma cirurgia que tem que ser refeita. Se o paciente volta, o prontuário dele é o mesmo e dá para verificar que ele precisou fazer outros procedimentos e o médico teria que ser novamente chamado;, explica.

Risco
O presidente do Sindimédico, Gutemberg Fialho, no entanto, diz que a categoria reprova a ideia do governo. Segundo ele, a produtividade reduz a qualidade dos atendimentos e coloca em risco a relação de médicos e pacientes. Apesar das garantias da Secretária de Saúde, Gutemberg teme que a diretoria dos hospitais comece a pressionar os médicos para atender um grande volume de pacientes em pouco tempo. ;Não estamos produzindo carros em escala industrial;, diz. O presidente do sindicato ainda acusa o governo de querer esconder a necessidade(1) de contratar mais médicos com a medida.

A satisfação do paciente também será levada em consideração na hora de decidir a verba que cada hospital vai receber ; a divisão levará em conta o tamanho e a demanda da unidade. O modelo de descentralização da gestão é basicamente o mesmo adotado pela Secretaria de Educação(2) nas escolas públicas. Assim, o diretor do hospital passará a ter autonomia para contratar serviços e obras, além de comprar algum material ou medicamento que esteja em falta na rede. E deixará de depender exclusivamente das compras feitas pela Secretaria para toda a rede, que são feitas em grandes licitações.

;Estamos montando um modelo para que o risco de desabastecimento passe a ser quase inexistente. Os diretores terão em lei autorização para comprar um percentual em torno de 30% da necessidade de cada hospital;, afirma Fernando Antunes. A ideia é que os 17 hospitais dividam o orçamento de cerca de R$ 1,4 bilhão destinado ao suprimento da rede, mas ainda não há detalhes de como será a partilha e de quanto cada um vai receber.

1- Profissionais em falta
Atualmente, há pouco mais de 3 mil profissionais contratados pela Secretaria de Saúde. O Sindimédico, porém, defende a contratação de, pelo menos, mais mil. O presidente do sindicato diz que, só assim, a rede alcançará uma excelência no atendimento

2- Gestão compartilhada
Em junho de 2008, a Secretaria de Educação criou o Programa de Descentralização Administrativa e Financeira. Com isso, cada escola recebe recursos anuais, calculados com base no número de alunos matriculados, e pode aplicá-los como preferir para o pagamento de contas, como água, luz, telefone, contratação de pequenas obras e compra de materiais

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