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Morre segunda girafa do Le Cirque em Goiânia

Morreu às 15h30 desta terça-feira (25/8), no Zoológico de Goiânia, a girafa macho Kim, um dos 26 animais do Le Cirque apreendidos no Distrito Federal a pedido do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), em agosto de 2008. Antes de Kim, a outra girafa do sexo masculino do circo, Tico, já havia morrido em junho deste ano na capital goiana.

Segundo o diretor do Zoológico de Goiânia, Rafael Cupertino, o animal apresentava problemas intestinais, mas estava se alimentando normalmente. ;Era um parasita resistente. Usamos quatro tipos de vermicidas diferentes, mas não adiantou. A girafa apresentava esses problemas desde que chegou ao zôo;, afirmou Curpertino.

Na época da morte da primeira girafa, o advogado do Le Cirque, Luiz Sabóia, apontou alimentação inadequada como causa da morte. O proprietário do circo, Roberto Stevanovich, acredita que o mesmo tenha ocorrido agora, com Kim. "A girafa estava há 10 anos no circo, comia alfafa, cenoura, banana. No Zoológico davam capim. Ela morreu por falta de cálcio, por falta de vitanima. O Ibama acusou o Le Cirque de maltratar os animais, mas nunca aconteceu nada enquanto estavam conosco", disse Roberto. O diretor do Zoológico afirmou que o animal se alimentava de forma balanceada e adequada, com alfafa, capim, folhas, cenoura, abóbora e ração.

[SAIBAMAIS]O corpo do animal será levado para a Faculdade de Veterinária da Universidade Federal de Goiás para o exame de necropsia que determinará a causa da morte. O mesmo laudo que foi feito em Tico e indicou anemia crônica como causa da morte. ;Diversas coisas podem ter levado ao quadro, não só a alimentação;, justificou Cupertino.

De acordo com Roberto Stevanovich, após a morte de Tico, o circo ofereceu ajuda de seu veterinário para orientar acerca dos cuidados com a segunda girafa, que já estava abatida. "O diretor do zoológico recusou e disse que não podia ficar mal com o Ibama. Eu disse que não era com o Ibama que ele tinha que se preocupar, mas com a vida do animal", afirma. Agora, apenas um animal do Le Cirque permanece no Zoológico de Goiânia: uma zebra.

Zoológico fechado
O Jardim Zoológico de Goiânia está fechado para visitas desde o dia 21 de julho por ordem do Ibama. A Delegacia do Meio Ambiente investiga a morte de 47 animais ocorrida entre janeiro e julho deste ano. De acordo com o Cupertino, apesar do alto índice, os animais morreram de causas diversas. ;O problema seria se eles tivessem morrido pela mesma causa. Nós tínhamos muitos animais idosos e outros que não tínhamos documentos e não podíamos precisar a idade deles;, afirmou. Apesar das mortes, Cupertino destacou que no mesmo período 32 animais nasceram o zôo da capital goiana. ;Isso quer dizer que esses animais estão bem adaptados ao cativeiro;.

Memória
A polêmica envolvendo os animais da companhia circense teve início depois que uma vistoria do Ibama constatou que eles eram vítimas de maus-tratos. A pedido do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), o circo, então instaldo no estacionamento do estádio Mané Garrincha, em Brasília, teve o alvará de funcionamento revogado. No dia 12 de agosto de 2008, fiscais ambientais apreenderam dois chimpanzés e um hipopótamo. O Le Cirque conseguiu reavê-los na justiça, mas só o hipopótamo foi devolvido, já que os macacos haviam sido levados para um santuário mantido pelo Projeto Grandes Primatas (GAP), ONG de proteção dos direitos e estudo do comportamento dos animais, em Sorocaba.

O GAP apresentou ao Ibama um laudo técnico comprovando o tratamento inadequado. A dupla de chimpanzés teve os dentes e os testículos arrancados, apresentavam marcas de correntes no pescoço e sofriam de estresse crônico. Com base nesse documento, os órgãos de fiscalização ambiental do DF prepararam uma operação, chamada de Arca de Noé, para "resgatar" os animais do circo. Mas os proprietários ficaram sabendo e evacuaram o local. Segundo uma funcionária da empresa, que não quis se identificar, os animais foram transportados às pressas durante a madrugada. Quando os agentes chegaram para cumprir o mandado judicial, não encontraram nenhum bicho.

O Ibama expediu um mandado de busca e apreensão em todo o país. Quando as carretas do circo passaram por um posto da Polícia Rodoviária Federal na BR-163, em Mato Grosso do Sul, os animais foram interceptados, e passaram dois dias em uma acampamento improvisado na sede da Polícia Militar Montada de Campo Grande, antes de serem mandados de volta a Brasília.