[SAIBAMAIS]Por determinação do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), assinado entre o governo local e o Ministério Público do DF e Territórios em 2007, o preço dos terrenos vendidos diretamente aos ocupantes deve levar em conta o valor de mercado, com o abatimento dos gastos feitos pela comunidade em infraestrutura e o acréscimo da valorização decorrente de obras públicas. Ou seja, à Terracap proíbe-se alienar imóveis em condomínios a preços de terra nua.
Em Vicente Pires, avaliação preliminar fixou o preço médio do metro quadrado em R$ 70 ; os terrenos residenciais possuem cerca de 800 metros quadrados, o que daria R$ 56 mil. Hoje, os lotes são usualmente vendidos na região por R$ 80 mil a R$ 120 mil. A secretária de Patrimônio da União, Alexandra Reschke, explica que o levantamento foi realizado pela gerência regional da SPU em parceria com o GDF. ;O critério foi o mesmo usado pela Terracap. Depois da avaliação do lote, calculou-se quanto foi gasto pela comunidade em infraestrutura. Esses cálculos resultaram em um valor de referência de R$ 70 por metro quadrado. Depois do desmembramento dos lotes, será feita uma análise de terreno por terreno;, disse Alexandra. ;Mas não deve haver grandes mudanças no valor de referência;, acrescentou.
Segundo a secretária, o modelo de parceria com o GDF foi construído para a regularização de Vicente Pires e não há certeza de que a mesma fórmula será usada em outras áreas de propriedade do governo federal. ;Cada caso é um caso. O termo de cooperação foi discutido longamente para resguardar o interesse público e garantir a legalidade das ações.;
Condomínios
O anúncio da Terracap de que reavaliará os lotes de Vicente Pires deixou preocupados os representantes de condomínios em terras da União. Ontem à tarde, eles se reuniram com a gerente regional de Patrimônio da União, Lúcia Carvalho. O grupo reclama do valor de R$ 70 por metro quadrado e não quer pensar em preço mais alto. ;Se for assim, lutaremos contra o repasse das terras da União para a Terracap. O justo seria o preço da terra nua, pois nós fizemos as benfeitorias;, disse o presidente da Associação Comunitária de Vicente Pires, Dirsomar Chaves.
A presidente da União dos Condomínios Horizontais e síndica do Lago Azul, Júnia Bittencourt, também é contra o valor de mercado. ;Quando se fala em regularização, o preço sobe muito. Por isso, não é justo usar parâmetros de mercado como referência;, argumentou Júnia. ; Além disso, o modelo da Terracap não desconta do preço a valorização decorrente dos nossos investimentos em infraestrutura.;
Agricultura
Vicente Pires foi criada para ser um cinturão verde na capital federal. Nas chácaras, com tamanho mínimo de dois hectares, produziam-se verduras e hortaliças. Mas, há cerca de 20 anos, grileiros começaram a parcelar os terrenos irregularmente. O fracionamento ilegal prosseguiu rapidamente e hoje vivem 65 mil pessoas no bairro. Propriedades rurais restam poucas.