O projeto, feito pelo Centro de Planejamento Oscar Niemeyer (Ceplan), prevê a construção de três prédios no câmpus Darcy Ribeiro e um em cada unidade da UnB fora do Plano Piloto: em Ceilândia, Gama e Planaltina. No câmpus da Asa Norte, haverá um módulo ao lado do novo Instituto de Química, outro, perto da entrada do ICC Norte e o terceiro, próximo aos pavilhões Anísio Teixeira e João Calmon. Além disso, a UnB vai completar um outro projeto, elaborado em 1985(1), e construir mais dois centros de convivência perto do Instituto de Artes.
Cada bloco vai custar R$ 1,1 milhão, terá 950 metros quadrados e espaço para três lanchonetes (todas equipadas com cozinha), seis lojas para outros serviços (como copiadoras e livrarias), vestiários masculino e feminino e bicicletário. Entre as lojas, serão colocadas mesas e cadeiras ; cabem 276 assentos no local, que poderão atender até 1.650 pessoas em duas horas (veja projeção acima). Nas unidades de Ceilândia, Gama e Planaltina, uma quadra de esportes será construída ao lado do módulo. ;O projeto de ampliação da universidade prevê que o número de alunos cresça de 30 mil para 45 mil até o fim de 2016. Sabemos que o restaurante universitário não vai atender todo mundo;, justificou o diretor do Ceplan, Alberto Alves de Faria.
A UnB pretende lançar o edital de licitação para a construção dos módulos em outubro. A expectativa é de que a empresa que vencer a licitação seja contratada até o fim do ano para que as obras tenham início no começo de 2010 e terminem no começo do segundo semestre. A transferência dos quiosques será feita pela Secretaria de Gestão Patrimonial (SGP) e ainda não está definido como será o trabalho. ;Mas a proposta é que todos saiam e deixem a área livre;, adiantou Faria. Daqui a um mês, deve ficar pronto um levantamento de quantos estabelecimentos comerciais e de serviço estão espalhados pelo câmpus.
1 - Centro de convivência
O projeto elaborado em 1985 previa a construção de três prédios que agrupariam todo o comércio e serviços da UnB perto do Restaurante Universitário. Mas, 22 anos depois, apenas o primeiro módulo, onde está a agência do Banco do Brasil, foi, de fato, erguido.
; Opiniões divididas
Pelos corredores do câmpus, as opiniões estão divididas. Há comerciantes que se opõem à transferência para os centros de convivência e alunos que desaprovam a medida. ;Sou contra. Acho que vai ficar difícil para a gente. Nossos intervalos entre as aulas são curtos e não temos tempo de ir para longe;, disse Ana Cláudia Breier, 31 anos, aluna de doutorado em arquitetura. Para ela, a prefeitura deveria melhorar o espaço das lojas dentro do Minhocão. ;Gosto desse movimento.;
Entre os que trabalham nos quiosques, também há desconfiança. Aline Silva, 27, trabalha há dois anos na tradicional banca de doces do Seu Geraldo, instalada no Minhocão Norte há quase 50 anos. Ela contou que o patrão garantiu que não ficará sem espaço nos novos prédios, mas ainda restam dúvidas. ;Os outros (estabelecimentos) são lojas e nós, banca;, disse. ;Além disso, não sei se os alunos vão sair do ICC para comprar balas. E se estiver chovendo?;, questionou.
Paulo Roberto do Nascimento, 57, aprova o projeto. Desde 1975, ele tem uma lanchonete no Minhocão, paga R$ 400 de taxa para a UnB e reclama da falta de estrutura e de espaço. A loja tem pouco mais de sete metros quadrados e não conta com pia nem cozinha. Assim, os produtos que vende são feitos em uma fábrica em Taguatinga. ;Todos os materiais que usamos são descartáveis porque não temos onde lavar. Estamos em situação precária, apesar de estarmos perto dos alunos. Acho que, se os prédios não ficarem longe e todo mundo se mudar, vai ser bom;, afirmou.