Jornal Correio Braziliense

Cidades

Moradores do Jardim Botânico mantém grandes viveiros de plantas

População desenvolve a vocação sugerida pelo nome do bairro, mantendo grandes viveiros com exemplares de plantas que são comercializadas para todas as demais regiões do Distrito Federal

O Jardim Botânico virou polo para o mercado de viveiros. Dezenas de lojas do ramo se firmaram ao longo dos últimos 15 anos às margens da pista que dá acesso aos condomínios do bairro. O movimento é maior nos fins de semana, quando moradores aproveitam o tempo livre para comprar novas mudas. Para muita gente, escolher as espécies que enfeitarão o jardim se transforma em diversão. É fácil encontrar famílias inteiras perambulando pelos viveiros e apreciando as plantas.

As lojas da região se especializaram com o passar do tempo. Vendem plantas, vasos, adubo e produtos para jardinagem. Oferecem ainda consultoria com paisagistas profissionais. Funcionários do viveiro vão até a casa da pessoa e sugerem que tipo de planta fica melhor naquele jardim. A maioria dos clientes mora no próprio Jardim Botânico, no Lago Sul ou em São Sebastião. E procura ajuda, principalmente quando inicia alguma obra.

O servidor público João Brígido, 63, mudou-se com a família para o Jardim Botânico há três meses, depois de quase 30 anos vivendo em apartamentos do Plano Piloto. No último sábado, acompanhado da esposa e da filha, resolveu comprar uma planta já pensando nas festas de fim de ano. Por R$ 60, estava decidido a levar para casa um exemplar de tuia, um dos mais tradicionais pinheiros. ;Tem cheiro de árvore de Natal mesmo!”, observou a filha Helena, 20.

Muitos clientes chegam aos viveiros sem saber o que querem. Outros se mostram profundos conhecedores da jardinagem. João, empolgado com o jardim em casa, ensina que é preciso um mínimo de planejamento antes de começar a plantar. Ele contou que um pé de figo acabou crescendo no meio do campo de futebol e passou a atrapalhar a pelada com os amigos. ;Tem que ter uma noção básica;, alertou o servidor.

Concorrência
Karoline Pereira, 21 anos, foi criada entre plantas. Ela é filha da dona de um viveiro que funciona há 10 anos no Jardim Botânico. A jovem trabalha com a mãe e tem na ponta da língua o nome das espécies e as características delas. ;Essa é a cica. Cresce, em média, apenas um centímetro por ano;, explicou, antes de dizer que cuidar de plantas e aprender a conhecê-las é uma terapia. ;Até converso com elas. São minhas amigas;, brincou.

Na loja vizinha, o autônomo Jamiro Fernandes de Oliveira, 53, levava para casa, na caçamba do carro, dois vasos com buxinho, umas das espécies mais vendidas (veja galeria). ;Em vez de ficar falando da vida alheia, as pessoas podiam aguar planta;, sugeriu o morador de São Sebastião, amante da jardinagem. ;Você distrai, é uma beleza! Enquanto se molha e poda planta, a gente esquece de todas as ruindades da vida;, emendou.

Quando Sebastião Manoel da Silva, 60, começou a trabalhar em viveiro no Jardim Botânico, não havia muita concorrência. Eram menos de 10 lojas. Hoje, são cerca de 20, dos dois lados da rua. A maioria se concentra perto da Feira do Produtor. O grupo de comerciantes se organizou e ganhou o apoio do Serviço de Apoio às Pequenas e Médias Empresas do Distrito Federal (Sebrae-DF). Agora eles esperam a construção do estacionamento em frente às lojas.

Sebastião trabalha todos os dias. Só tem a tarde de domingo para descansar. No restante do tempo, cuida de mais de 200 plantas. ;Quando fico sozinho com elas, vou molhar as raízes, tirar o mato do pé, essas coisas. Eu me sinto muito bem com as plantas;, comentou. Os clientes de Sebastião estão por lá pelo menos uma vez por mês, cada vez mais espertos, diz ele: ;O pessoal está sabendo de planta, viu? Mas é porque hoje tem revista, livro, internet, tem tudo;.

; Galeria

Buxinho ; Considerado um curinga do paisagismo, o Buxus arborescens é um arbusto muito utilizado por ter grande durabilidade e exigir poucos cuidados. A folhagem verde-escura é resistente e regenera-se bem das podas. É necessário ter paciência, pois o crescimento é lento se comparado às outras cercas vivas. Custa entre R$ 25 e R$ 100, de acordo com o tamanho.

Orquídeas de jardim ; A Arundina graminifolia é a mais comum das orquídeas, por se adaptar muito bem ao clima tropical e ser bastante resistente. As flores são isoladas, cor-de-rosa com o labelo (interior da flor) em tom rosa forte ou púrpura e sépalas rosadas que envolvem o caule. Floresce da primavera ao início de outono e pode ser cultivada em todo o país. É encontrada por R$ 30.

Bougainville ; Presente em quase todos os gramados públicos do Plano Piloto, Lagos Sul e Norte e Park Way, o Boungainvillea spectabili é um arbusto lenhoso e espinhento. Essa espécie vem sendo melhorada geneticamente com intensidade, ocorrendo hoje no país com uma vasta gama de cores: vinho, laranja, rosa, branca. As mudas custam entre R$ 10 e R$ 12.

Palmeira Areca de Locuba ; A Dypsis madagascariensis pode chegar até a 15 metros. De tronco simples e dilatado na base, tem folhas dispostas em triângulo, com aspecto de crespas. A espécie é bem utilizada no paisagismo atual, extremamente interessante pelo seu formato quando adulta. Pode ser empregada com sucesso em canteiros centrais de avenidas, parques e jardins, em grupos ou fileiras. A muda sai por R$ 60.

Nolina ; Também conhecida como pata de elefante, a Beaucarnea recurvata é um arbusto semilenhoso, ereto e volumoso de 3 a 5 metros de altura que tem como principal característica ser muito dilatado na base, com uma cabeleira de folhas na extremidade. É muito rústica, tolerando o calor e o frio, não suportando apenas o encharcamento do solo. A muda varia entre R$ 60 e R$ 100.

Begônias ; A Begonia elatior possui flores vistosas, de aspecto suculento, que variam em tons entre o branco e o roxo. Custa em torno de de R$ 10 a R$ 25 e floresce quase o ano todo. Deve ficar à meia-sombra, de preferência em locais quentes e úmidos, não suportando bem o frio. É recomendado o plantio em uma boa terra de jardim, adicionando-se húmus.

Hortência ; Arbusto semilenhoso, de 1 a 2,5 metros de altura, a Hydrangea macrophylla possui folhagem e florescimento decorativos. Suas florescências se assemelham a buquês, com numerosas flores de cor branca, rósea ou azul. Aprecia climas mais frios, como os encontrados no sul do Brasil. Custa, em média, R$ 25.

Crisântemo ; O Chrysanthemum morifolium é o rei das flores de corte no Brasil. Devido a um intenso programa de seleção e melhoramento genético, assumiu uma gama de variedades: as flores podem ser simples ou dobradas, de cores e formas muito diversas. Pode-se dizer que o crisântemo é uma flor com estilo campestre, como as outras plantas desta mesma família. No entanto, existem variedades com aparência muito majestosa. Custa entre R$ 5 e R$ 15.