A Secretaria de Saúde do Distrito Federal informou, nesta segunda-feira (10/8) que não houve negligência no atendimento ao analista de sistemas Carlos Fernando Noronha, 50 anos, primeira pessoa a morrer com a gripe A (H1N1), também conhecida como gripe suína, na cidade. Apesar disso, o órgão não soube informar porque o paciente não conseguiu atendimento no Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e no Hospital Regional de Taguatinga (HRT).
[SAIBAMAIS]Conforme os registros, Carlos procurou o Posto de Saúde do Núcleo Bandeirante no dia 17 de julho, seis dias após os primeiros sintomas. Foi submetido a uma radiografia do peito, exame de sangue e recebeu orientação para procurar um hospital.
De acordo com relatos de familiares, quatro dias depois o quadro piorou e ele foi ao Hran. Mas não conseguiu atendimento. O mesmo aconteceu quando o paciente foi ao HRT. Sem sucesso, procurou o Hospital Anchieta, onde ficou internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de 21 de julho até ontem, quando morreu às 6h. Carlos só começou a receber o Tamiflu no último dia 1;, quando o hospital obteve o exame laboratorial do Instituto Adolf Lutz que confirmou a nova gripe.
O secretário de Saúde, Augusto Carvalho, afirmou que o paciente não recebeu o anti-viral Tamiflu na rede pública porque só procurou o serviço seis dias após sintomas - o fabricante recomenda a aplicação nas primeiras 48 horas - e também não se encaixava no protocolo do Ministério da Saúde. O órgão informou que ainda está levantando os registros para confirmar se ele esteve nos dois hospitais. E sugere que ele pode não ter conseguido atendimento devido ao grande número de pacientes na emergência.
Remédio, só com protocolo
Segundo Carvalho, o paciente tinha um quadro de síndrome gripal comum quando procurou o serviço médico. "Há uma sistemática e o médico tem que cumprir os protocolos. É o que o ministério exige", afirmou o secretário.
A secretaria informou que não estuda ampliar a prescrição do Tamiflu além do que prevê o protocolo do ministério - ou seja, prescrição nas primeiras 48 horas após os sintomas para casos graves ou pessoas com fatores de risco. Em Foz do Iguaçu (RS), os médicos analisaram os sintomas da doença e perceberam que os casos evoluem para grave no terceiro ou quarto dia. Com base nisso, ampliaram a prescrição do remédio e não houve mais internações em leitos de UTI.
A sub-secretária de Vigilância à Saúde, Disney Antezana, afirmou que se o DF não cumprir o protocolo, pode ter o fornecimento de Tamiflu pelo ministério suspenso. "Ele (o paciente) procurou o serviço de saúde seis dias após os primeiros sintomas. O remédio não teria efeito nenhum", afirmou.
Ela ressaltou, entretanto, que o Minsitério da Saúde está avaliando modificar mais uma vez o protocolo. Na semana passada, o órgão mudou o texto para permitir que médicos receitem o Tamiflu a pacientes fora do grupo de risco, se julgarem necessário.
A Secretaria de Saúde reforçou a recomendação para que pessoas com febre acima de 38; acompanhada de tosse ou dor de garganta procurem o posto de saúde ou o médico particular aos primeiros sintomas.