Jornal Correio Braziliense

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Criança agredida é devolvida ao pai em Ceilândia

O Conselho Tutelar de Ceilândia devolveu à família, nesta terça-feira (4/8), o garoto de 10 anos encontrado ontem pela polícia trancado em casa, em Ceilândia, e com diversos hematomas. O laudo do Instuto Médico Legal confirmou as agressões. Mas a conselheira Selma Aparecida da Cruz decidiu entregar a criança nesta manhã, após ouvir o pai e a madrasta. O casal, que admitiu ter "exagerado" na correção, disse que a criança sofre de compulsão alimentar e estava cometendo pequenos furtos.

[SAIBAMAIS]O garoto passou a noite sob os cuidados da conselheira, depois que policiais da 24; Delegacia de Polícia (Setor O) o encontraram trancado, sozinho, e com marcas pelo corpo. Eles chegaram até o local, na QNO 15 da cidade, por volta das 15h, após uma denúncia de vizinhos.

De acordo com o delegado-chefe, Vivaldo Neres, o garoto foi levado à delegacia, onde relatou as agressões do pai e da madrasta. A criança disse que era constantemente deixada em casa sozinha, muitas vezes sem comida.

No Conselho Tutelar, pai e madrasta negaram que a criança passasse fome e alegaram que ela queria comer o tempo todo. Como eles muitas vezes não tinham condições de comprar certos tipos de alimento, como bolachas, o garoto teria começado a cometer pequenos furtos para satisfazer a compulsão. Por isso, justificaram, ele ficava trancado em casa e apanhava.

Queixas

Vizinhos ouvidos pela reportagem contaram que, diversas vezes, a criança se queixava sobre o tratamento do pai e da madrasta. Uma mulher que não quis se identificar disse ter escutado alguém xingar o menino por ter feito xixi na cama. "Deu para ouvir o barulho da cabeça dele sendo batida na parede", contou.

Segundo a conselheira Selma, o garoto, algumas vezes, se contradizia ao relatar os fatos ocorridos em casa. Para ela, mandá-lo a um abrigo não seria a melhor alternativa, pois ele conviveria com crianças de diferentes idades, algumas até usuárias de drogas.


O delegado instaurou um inquérito para apurar a denúncia. "Vamos ouvir os pais e investigar o caso. Um dos crimes existe, que é o de maus-tratos. Temos ainda notícia do abandono. Os dois serão convocados a prestar esclarecimentos e, se preciso for, vamos arrolar testemunhas", disse o delegado.