A administração pública, a indústria e a construção civil foram os setores que mais contribuíram para a redução do índice de desemprego em Brasília. Em junho, foram criados 8 mil postos de trabalho na cidade e a taxa caiu de 17% para 16,4%, em comparação com maio. É o segundo mês consecutivo com queda e o menor percentual registrado em junho desde 1996. Os dados fazem parte da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada ontem pela Secretaria de Trabalho e pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
No setor privado, o número de vagas caiu 1,3% em junho. Nessa área, houve supressão tanto de empregos com carteira assinada quanto daqueles sem registro. Mas o setor público aumentou em 3,6% o contingente de empregados e foi o que mais contribuiu para a redução do desemprego. No mês passado, 262 mil pessoas trabalhavam na administração pública, contra 253 mil empregados em maio.
Pesquisa Emprego e Desemprego no DF / Junho
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A técnica administrativa Kátia Cirlene Martins de Souza, 40 anos, faz parte dessa estatística. Depois de 14 meses desempregada, ela passou a integrar a folha de pagamento do Governo do Distrito Federal no mês passado. Tomou posse em 19 de junho e hoje atua na Secretaria de Saúde do DF. ;É muito bom ter essa estabilidade. Fiz o concurso em fevereiro e não esperava ser chamada tão rapidamente;, conta Kátia Cirlene. ;Estava sem emprego desde abril do ano passado;, lembra a nova funcionária pública do GDF, que bate ponto no Palácio do Buriti.
Bom sinal
A oferta de empregos pela indústria é um bom indício da recuperação da economia. Nesse setor, o crescimento no número de vagas foi de 2,3% em junho, em comparação a maio. O número de postos de trabalho nas indústrias brasilienses passou de 43 mil para 44 mil no período. ;A indústria é o setor que mais tem sofrido com o desaquecimento da economia. Por isso, a recuperação observada é muito importante;, diz o economista Tiago Oliveira, do Dieese.
Na construção civil ; outro mercado que funciona como indicador dos rumos da economia ; também houve criação de novas vagas. O número de trabalhadores do setor saltou de 57 mil em maio para 58 mil em junho, um crescimento de 1,8%. Em relação ao número de empregados em junho do ano passado, o crescimento foi de 20,8%.
Otimismo
Para o presidente do Sindicato das Empresas de Construção Civil (Sinduscon), Élson Póvoa, a quantidade de obras lançadas no Distrito Federal contribuiu para o aumento do número de contratações no setor. Ele está otimista com relação aos resultados dos próximos meses. ;No setor privado, há novos empreendimentos em várias cidades. No ano que vem, o mercado imobiliário deve crescer até 20%;, estima Póvoa. ;Além disso, temos previsão do lançamento de grandes obras públicas, como o VLT (veículo leve sobre trilhos) e o metrô. O programa Minha Casa, Minha Vida também vai ajudar a aquecer o mercado e a aumentar a contratação de mão-de-obra;, finaliza o presidente do Sinduscon.
Os bons resultados da indústria e da construção não se repetiram no comércio. O número de empregados no setor caiu de 179 mil para 176 mil entre maio e junho deste ano, uma redução de 1,7%. Na área de serviços, também houve uma retração de 0,4% no mesmo período. O trabalho autônomo, entretanto, teve um crescimento de 3,4% no nível ocupacional em junho. Nos últimos 12 meses, o número de trabalhadores assalariados cresceu 5,2%, tanto no setor privado quanto na administração pública.
O secretário de Trabalho, Robson Rodovalho, ficou satisfeito com os resultados da PED e disse que o governo está otimista com relação à possibilidade de uma recuperação ainda maior. ;É claro que gostaríamos de ter uma taxa em torno de 8%. Mas os 16,4% registrados em junho são a menor taxa para esse mês nos últimos 13 anos. E ela vai cair ainda mais;, aposta o secretário.
MAIS ATINGIDOS
O maior índice de desemprego está entre os jovens com idade entre 18 e 24 anos. Nessa faixa etária, 30,8% das pessoas não têm trabalho. Quando se leva em consideração o sexo, a taxa de desemprego é maior entre as mulheres: 19% delas estão desempregadas, contra 13,9% dos homens.
CONCEITO
Pelas definições do Dieese, os ocupados são aqueles que, nos sete dias anteriores ao da entrevista, têm trabalho remunerado exercido regularmente, com ou sem procura de trabalho. Também são classificados assim os cidadãos com trabalho remunerado exercido de forma irregular, desde que não tenham procurado atividade diferente da atual.
Rendimento tem queda
Apesar da queda na taxa de desemprego, o DF ainda tem o terceiro maior índice entre as seis regiões metropolitanas analisadas pelo Dieese. Fica atrás apenas das duas capitais nordestinas que entram na pesquisa ; Recife e Salvador. Na média apurada entre as seis regiões, a taxa de desemprego foi de 14,8% em junho. No mês anterior, o índice foi de 15,3%.
Outra dado negativo da PED foi uma pequena queda do rendimento médio mensal, tanto dos ocupados quanto dos assalariados. O valor médio do salário dos trabalhadores brasilienses caiu de R$ 1.846 para R$ 1.827, no caso dos ocupados, e de R$ 2.122 para R$ 2.112, entre os assalariados.
A coordenadora da PED pelo Dieese, Adalgiza Lara Amaral, explica que o aumento do número de postos criados entre os trabalhadores autônomos contribui para a redução do rendimento médio mensal. ;No caso dos autônomos, a renda normalmente é menor, já que muitos se submetem ao trabalho precário;, explica Adalgiza.Muitas das contratações no setor público foram para substituir antigos terceirizados.
Evolução
O desemprego nos últimos 12 meses:
Junho de 2008: 16,9%
Julho de 2008: 15,8%
Agosto de 2008: 15,9%
Setembro de 2008: 15,8%
Outubro de 2008: 16%
Novembro de 2008: 15,7%
Dezembro de 2008: 15,4%
Janeiro de 2009: 15,7%
Fevereiro de 2009: 16,3%
Março de 2009: 17,2%
Abril de 2009: 17,5%
Maio de 2009: 17%
Junho de 2009: 16,4%