[SAIBAMAIS]Analice já tinha quase perdido as esperanças de ser mãe quando o teste de gravidez apontou o resultado positivo. ;Meus filhos salvaram minha vida. Tive depressão por não poder gerar uma criança, fiquei muito mal. Quando olho para eles, só consigo sentir felicidade, muita felicidade. Eles são o meu milagre, minhas obras de arte;, comemora a mãe. ;Eles são o meu tesouro, fazem tudo brilhar. Sempre pensei positivo, comprei remédios vindos da Alemanha, mesmo com o pouco dinheiro que tínhamos. Todo esforço valeu a pena;, lembra Agrício.
Os irmãos sabem como nasceram e acham incrível quando veem os jornais da época em que saíram do hospital, nos braços de Analice e Agrício. ;Meus pais quiseram muito a gente;, diz Alanny. ;Deve ter sido muito difícil para eles;, acrescenta Allyson. Embora sejam gêmeos, os dois compartilham poucos gostos. O garoto é craque no basquete. A menina prefere o balé. Uma das paixões em comum é o amor pela arte. A disciplina é apontada de imediato por Alany e Allyson como a predileta na escola. A vaidade também é uma característica dos dois. ;Eles demoram horas para se arrumar;, comenta o pai. Mas, na hora de disputar a atenção e o amor dos pais, o casal compete e briga. ;Ele me irrita muito. Não me pareço com ele;, brinca Alany. ;Ela é muito ciumenta;, entrega Allyson.
Referência nacional
Em clínicas especializadas particulares, a fertilização in vitro custa entre R$ 18 mil e R$ 20 mil. No Brasil, nove hospitais públicos oferecem o serviço. De acordo com a Secretaria de Saúde, o Hras é referência nacional em qualidade de atendimento. ;O serviço é considerado um dos melhores do país porque queremos que o casal saiba que foi feito o possível. É preciso calor humano e muita atenção para o processo dar certo;, explica a coordenadora de Reprodução Humana da Secretaria de Saúde, Rosaly Rulli Costa. ;Estima-se que 15% de todos os casais sejam estéreis. É um direito deles poder engravidar. Direito assegurado pela Constituição, inclusive;, acrescenta. Há mais de 3 mil mulheres na fila, à espera por esse atendimento.
Segundo Rosaly, a incapacidade de fecundar pode ser desencadeada por vários fatores. Um deles são as causas ambientais: má qualidade da alimentação e convívio com poluição e agrotóxicos, por exemplo. As doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) também podem iniciar o problema. ;Qualquer germe pode entrar nas trompas e danificá-las. As pessoas de baixa renda estão mais vulneráveis à infertilidade porque não comem muito bem e por falta de informação sobre DSTs. Daí a importância do programa público de fertilização;, explica.
O drama dos pacientes com esse tipo de problema é acompanhado por Rosaly desde o começo do projeto. ;Quando você conversa com os pacientes, se emociona. Já vi muita gente dizer que preferia ter um câncer a ser infértil. É por meio dos filhos que o ser humano se perpetua. Não poder gerar um filho promove uma sensação de impotência enorme, que abala a vida do casal;, relata.
Mulheres com até 33 anos, de acordo com a médica, têm mais facilidade para conceber filhos. Depois dessa idade, a probabilidade de se reproduzir costuma decrescer. As estatísticas levantadas pela doutora revelam que as pessoas buscam atendimento nesse setor cada vez mais tarde. Em 1988, elas tinham 25 anos quando recorriam a tratamentos de fertilização. Em 1998, a faixa era de 27 anos. Atualmente, a maior parte das mulheres a recorrer ao Centro de Reprodução assistida tem mais de 30 anos. ;Descobrir o problema cedo ajuda a tratá-lo com mais eficácia;, finaliza Rosaly.
A QUEM RECORRER
A mulher com dificuldade para engravidar deve procurar o centro de saúde mais próximo de sua residência e marcar uma consulta com o ginecologista. O médico deve encaminhar a paciente para o serviço de reprodução humana da sua regional de saúde. Informações: 3345-7604.