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Equipamentos que ficaram encaixotados or cinco anos começarão a funcionar no HUB

Todos os anos, mais de 5,5 mil brasilienses recebem um diagnóstico de câncer. E pelo menos 70% desses pacientes têm que peregrinar pela rede pública em busca de tratamento. Hoje, a única opção para quem precisa fazer radioterapia é o Hospital de Base. Mas as perspectivas para os doentes não são boas: é preciso enfrentar longas filas até conseguir receber a radiação necessária para acabar com o tumor. Sobrecarregado, o aparelho quebra com frequência e os pacientes têm que sair de Brasília para perseverar na luta pela vida. Mas essa página da saúde pública da capital federal pode, enfim, ficar para trás. Cinco anos depois do início das obras, será inaugurado, no próximo dia 17, o Centro de Alta Complexidade em Oncologia (Cacon) (1)do Hospital Universitário de Brasília (HUB), na Asa Norte. Algumas áreas já estão funcionando há dois meses, como a quimioterapia e as consultas. No entanto, o grande diferencial do Cacon será o setor de radioterapia. Equipamentos no valor de R$ 2,6 milhões, que ficaram encaixotados por meia década, já estão quase prontos para entrar em funcionamento. Técnicos da Comissão Nacional de Energia Nuclear visitaram o prédio para verificar a segurança das salas de radioterapia. A equipe autorizou o funcionamento dos aparelhos. Ontem à tarde, foi a vez de agentes da Vigilância Sanitária percorrerem as dependências do Cacon. Eles pediram alguns documentos ao HUB, que vai providenciar a papelada até a semana que vem. A burocracia atrasou, mais uma vez, a liberação das salas de radioterapia. A Vigilância Sanitária aguardava o envio de um ofício que o Hospital Universitário garantia já ter remetido. Ontem, depois dos telefonemas do Correio, os agentes sanitários finalmente fizeram a inspeção. A melhoria no tratamento do câncer em Brasília é essencial. De janeiro de 2008 a maio deste ano, a doença matou 1.154 pessoas no Distrito Federal. 1 - ASSISTÊNCIA INTEGRAL Os Centros de Alta Complexidade em Oncologia são aqueles que oferecem assistência integral e especializada aos pacientes com câncer. Os profissionais de um Cacon devem atuar em prevenção, detecção precoce, diagnóstico e tratamento das pessoas afetadas por neoplasias. Todas as normas de atuação são definidas pelo Ministério da Saúde. ; Estrutura de primeira Enquanto os equipamentos de radioterapia não entram em funcionamento, os pacientes ficam na expectativa da melhoria dos serviços. A doméstica Daleni Araújo do Nascimento, 42, descobriu há um ano que estava com câncer de mama. Em abril, foi operada para a remoção do tumor. Agora, terá que fazer radioterapia. Daleni foi uma das primeiras a ser atendida nos consultórios do Cacon. Ela elogia a estrutura do centro, mas lamenta que os aparelhos ainda não estejam em funcionamento. ;Isso aqui ficou uma maravilha. Me sinto em um hospital particular, de tão bonito. Mas, infelizmente, vou ter que fazer a radioterapia no Hospital de Base;, conta Daleni. A estrutura do Cacon é um alento para quem está acostumado a ser mal atendido na rede pública. A ideia de criar um centro especializado é que o doente receba toda a assistência necessária em um único local. O novo prédio do HUB tem consultórios de oncologia e hematologia oncológica, salas de atendimento usadas por psicólogos, nutricionistas e assistentes sociais. A área destinada à quimioterapia é equipada com modernos televisores de LCD, para que os pacientes se distraiam enquanto recebem o medicamento. Novidade É no setor de radioterapia, entretanto, que está a principal novidade. Na última quarta-feira, o Correio visitou o prédio do Cacon e, pela primeira vez, fotografou os equipamentos que permaneceram encaixotados. Na sala braquiterapia, a cama ginecológica já está montada e a fonte de radiação também está pronta para funcionar. Com esse método, é possível tratar com precisão e rapidez alguns tipos de tumor, como o câncer de colo de útero e o de endométrio. Já a teleterapia ; o principal aparelho para combate a tumores ; depende ainda da compra de uma peça. A expectativa é que as duas máquinas entrem em funcionamento ainda em agosto. Recém-contratado para atuar no setor, o físico Samuel Avelino espera ver os aparelhos em funcionamento em breve. Formado pela Universidade de Brasília e com especialização em física médica no Rio de Janeiro, ele destaca que esses equipamentos representam um enorme avanço na qualidade de vida dos pacientes. ;Com base na dose prescrita pelo médico, o físico calcula o tempo de exposição. O paciente precisa de, no máximo, meia hora de tratamento a cada sessão;, destaca Samuel. (HM)

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