Os rabiscos nas paredes da Igrejinha
(1) serão investigados pela Polícia Federal. O superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Alfredo Gastal, vai hoje à tarde à PF para pedir que os agentes descubram os responsáveis pelo ato de vandalismo. No último fim de semana, a imagem de Nossa Senhora de Fátima foi rabiscada com caneta esferográfica. As paredes laterais também foram marcadas com um material semelhante ao carvão.
A falta de segurança no interior da Igrejinha pode comprometer até mesmo o acesso dos fiéis. O Iphan vai pedir à administração do templo que as portas permaneçam fechadas. A entrada só seria permitida nos horários das missas. "Essa medida vai ser tomada até a instalação de câmeras de segurança. É um risco muito grande deixar a Igrejinha aberta enquanto não houver um monitoramento constante. Algo pior ainda pode acontecer", diz o superintendente do Iphan, Alfredo Gastal. O próprio instituto vai se encarregar da colocação de câmeras, já que o monumento é tombado pelo governo federal. O orçamento será encomendado até a semana que vem.
As paredes da Igrejinha foram recentemente pintadas pelo artista plástico Francisco Galeno. A imagem de Nossa Senhora de Fátima sem rosto e a representação de crianças por meio de pipas não agradou a alguns católicos que frequentam o local. As reações conservadoras foram tão grandes que a polêmica foi parar no Ministério Público Federal. Os procuradores chegaram a pedir que o pintor interrompesse temporariamente a obra. Mas o impasse foi resolvido: Galeno concluiu seu trabalho e recebeu também centenas de manifestações favoráveis.
Francisco Galeno está preocupado com a possibilidade de novos atos de vandalismo. "É preciso tomar alguma medida, senão a Igrejinha vai se transformar na casa da mãe Joana", reclama. O superintendente do Iphan, Alfredo Gastal, diz que os rabiscos podem ter relação com a polêmica sobre as pinturas. "Não dá para afirmar ainda. Justamente por isso, vou acionar a Polícia Federal. Esse é um assunto de extrema importância para toda a sociedade. A cada restauração, são desperdiçados recursos públicos", finaliza Gastal.
1 - PRIMEIRO TEMPLO
A Igrejinha Nossa Senhora de Fátima foi o primeiro templo de alvenaria construído em Brasília. A edificação, que levou 100 dias para ficar pronta, tem projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer. A ideia de fazer o templo foi da então primeira-dama Sarah Kubitschek, que pretendia pagar uma promessa a Nossa Senhora. Em 1982, a igreja foi tombada.