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Alunos de escolas públicas de Santa Maria deram um show durante concurso de quadrilhas

Samba, frevo, xote, maracatu, baião, xaxado. Os diferentes ritmos musicais que fazem parte do caldeirão cultural brasileiro receberam uma homenagem especial de 24 escolas públicas de Santa Maria ontem. Meninos e meninas se apresentaram no ginásio do Centro de Atendimento Integral à Criança (Caic), na Entrequadra 215/315, no 9; concurso de quadrilhas(1), organizado pela Regional de Ensino da cidade. O concurso deste ano tinha como tema as danças brasileiras. A festa começou às 9h e se estendeu até a noite, com muita animação e até mesmo com a participação de torcidas organizadas.

O ginásio ficou pequeno para tanta gente. As escolas não fizeram por menos. Estudantes dos ensinos infantil, fundamental e médio se empenharam para impressionar o público com coreografias próprias e fantasias coloridas. Tudo analisado nos mínimos detalhes pelo corpo de jurados. E, para não ter parcialidade, a Regional de Ensino optou por convidar moradores de outras cidades para participar da banca de avaliação. As escolas vencedoras levaram troféus e medalhas ao fim do concurso, além da alegria da vitória.

A festa, aberta para toda comunidade, contou com apoio da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros. Apesar de as quadrilhas serem o atrativo principal do evento, os professores também organizaram barraquinhas tradicionais, com a venda de comidas típicas e outros petiscos. ;É bem verdade que Santa Maria não tem cinemas, teatros ou outros atrativos culturais. Por isso, iniciativas como a nossa são importantes para oferecer um pouco de arte e cultura para a população;, argumentou Júlio Moronari, diretor da Regional de Ensino da cidade.

Violência longe
Os organizadores do evento acreditam que, por meio da música e da dança, podem incentivar crianças e adolescentes a procurarem por caminhos que os afastem da violência. ;Infelizmente, a população em geral tem uma crença de que só ocorre crimes em Santa Maria. Queremos mudar isso e mostrar que aqui também tem vida cultural;, defendeu Moronari. Ele destacou a importância do concurso para a comunidade local, que participou em peso da festa. Até o fim do dia, os organizadores calcularam que um público aproximado de 5 mil pessoas passou pelo Caic.

Ninguém ficou de fora da festa. Estudantes portadores de necessidades especiais, tanto físicas quanto mentais, participaram das apresentações. Eles ficaram responsáveis pela abertura do evento. E fizeram bonito com uma coreografia baseada na dança do bumba meu boi. ;Achei lindo demais. Gritei muito e fiquei toda arrepiada;, relatou a porteira Altoni Francisca da Silva, 48 anos, e mãe do estudante Lucas Camilo da Silva, 20. ;Achei muito bom. Espero por este momento todo ano;, disse o jovem, que sofre com problemas mentais.


; Teve até torcida organizada

O sonho de conquistar o troféu levou muitas escolas a se empenharem nas apresentações. É o caso da quadrilha Rasta Chinela, do próprio Caic, que caprichou na produção. A apresentação começou com um monólogo da professora Patrícia Caires, 29 anos. Em seguida, alunos e professores fantasiados fizeram uma mostra cultural eclética, que misturou capoeira, frevo e samba, enquanto a quadrilha composta por meninos e meninas fantasiados de cangaceiros entrava no ginásio.

Uma vez posicionados, os casais só começaram a dançar de verdade depois que Lampião e Maria Bonita, interpretados pelos professores Cleib Coutinho Silva, 35 anos, e Wiana Kelly Lima Freitas, 23, se levantaram de seus caixões para conduzir a festa. Com passos próprios montados pela quadrilha e usando confetes e estalinhos, a Rasta Chinela contou com o apoio da torcida de mães organizadas, todas vestidas com camisetas com o nome do grupo.

Aplausos
Tanto esforço resultou em uma das apresentações mais marcantes do dia, que arrancou aplausos até mesmo de escolas adversárias. ;Ano passado, já fomos campeões. Por isso, nos esforçamos para fazer uma apresentação ainda melhor este ano e ver se conseguimos levar o bicampeonato;, justificou Cleib. Este ano, o grupo fez uma homenagem ao xaxado e a Luiz Gonzaga. O tema que rendeu a vitória em 2008 foi uma homenagem ao Rio São Francisco. É a terceira vez que a escola participa do concurso.

Para os 34 alunos da 3; e 4; série do ensino fundamental, o que valeu foi a diversão. A pequena Thaís Gabrielle Silva dos Santos, de 9 anos, participou pela primeira vez da quadrilha fantasiada como Maria Bonita e gostou. ;Ano que vem quero vir de novo;, contou. A mãe da menina, a manicure Izabel Cristina Silva de Almeida, 32 anos, também apreciou a apresentação. ;Todo ano eu venho. A apresentação da escola este ano foi ainda melhor do que no ano passado;, disse. (PR)

1- ORIGEM
A quadrilha era inicialmente uma dança aristocrática de origem francesa. Veio para o Brasil pelas mãos dos mestres de orquestra de danças francesas na época do Império. Popularizou-se no país e é hoje uma dança própria dos festejos juninos. Tendo sofrido influências da polca, da mazurca e da valsa europeia transformou-se em um ritmo único, extremamente sensual e genuinamente brasileiro.