Jornal Correio Braziliense

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Eleições 2010: Batalha em busca de aliados

Decisão sobre intervenção no PMDB do DF será tomada pelos 15 integrantes da executiva nacional. Desfecho do caso deve ficar para agosto

A união de interesses pessoais, regionais e nacionais definirá o futuro do PMDB do Distrito Federal. De iniciativa do deputado federal Laerte Bessa, o pedido de intervenção no partido que pode tirar de Tadeu Filippelli (PMDB) o comando da legenda será julgado por 15 integrantes da executiva nacional. Todos serão procurados pelo grupo do ex-governador Joaquim Roriz, principal interessado no assunto, e por Filippelli. A batalha, que deve ser definida apenas em agosto, contará também com interlocutores do governador José Roberto Arruda (DEM), que planeja uma aliança eleitoral com o PMDB em 2010.

Nessa guerra, muitas armas serão usadas. Presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), segundo cargo mais importante da Câmara dos Deputados, Filippelli tem trânsito fácil com os integrantes da executiva nacional que integram a bancada do PMDB na Casa. É o caso do líder do partido, Henrique Eduardo Alves (RN). Outros seis deputados federais têm assento na executiva, além de Mônica Paes de Andrade de Oliveira, mulher do parlamentar Eunício de Oliveira (CE). Também deputada, a presidente nacional do PMDB em exercício, Íris de Araújo, (1) tende por Roriz, principalmente pela aliança que o marido, o prefeito de Goiânia, Íris Rezende, mantém com o ex-governador do Distrito Federal.

Para Íris interessa o fortalecimento da candidatura de Roriz ao GDF, como forma de favorecer a sua própria entrada na região do Entorno em provável disputa pelo governo goiano no ano que vem. Nos municípios vizinhos, Arruda fará campanha em 2010 ao lado do senador Marconi Perillo (PSDB) que deseja retornar ao poder no estado, depois de quatro anos no Senado. Interesses regionais também podem interferir no voto de Orestes Quércia. Ele busca uma aliança em São Paulo entre o PMDB, PSDB e DEM que lhe garanta apoio para concorrer às eleições de 2010 ao Senado.

Renúncia
Uma interferência agora no PMDB de Brasília, cuja executiva regional busca justamente uma composição com os mesmos partidos, poderia ser considerada um passo atrás nos planos de Quércia. O próprio prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), aliado de Arruda, poderá entrar nessa discussão para convencer Quércia a ajudar Filippelli.

O próprio Roriz poderá participar da votação. Ele é o primeiro-vice-presidente do partido, mas ainda não tomou uma decisão sobre votar ou não. Embora seja o principal beneficiado, já tem um discurso pronto, caso sinta necessidade de desempatar uma disputa apertada. Vai argumentar que não é o autor do pedido de mudança no PMDB-DF.


Na busca pela intervenção, aliados de Roriz esperam contar com o apoio do líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL). Acreditam que ele tem uma dívida com o ex-governador porque não moveu uma palha para ajudá-lo em 2007, quando Roriz se envolveu na crise provocada pela divulgação de uma conversa sobre dinheiro com o empresário Nenê Constantino que o levou à renúncia. Na época, Renan também estava sob fogo cruzado e tinha dificuldades para ajudar. O próprio Roriz reclamou, na época, a vários interlocutores que o então presidente do Senado aproveitou o momento de grande repercussão para tentar abafar suas próprias dificuldades(2) .

Filippelli disse ao Correio que ficará no partido independentemente da decisão. Roriz já demonstrou que migrará para o PSC, caso a executiva nacional não atenda a sua pretensão.

1 PRESIDENTE EM EXERCÍCIO
A deputada Íris de Araújo assumiu o comando do PMDB, mas o presidente eleito é o deputado Michel Temer (SP). Ele se afastou da direção do partido em fevereiro quando assumiu a Presidência da Câmara dos Deputados e, embora seja contra a intervenção, não deverá votar.

2 CRISE
Presidente do Senado, em 2007, Renan Calheiros entrou em crise depois que foi divulgado que a empreiteira Mendes Júnior pagava despesas particulares de uma filha do senador fora do casamento. Por conta das denúncias, Renan renunciou ao comando da presidência em dezembro daquele ano.


Confira quem são os 15 integrantes da Executiva Nacional do PMDB

# Íris de Araújo (GO)
Deputada federal por Goiás e presidente interina do PMDB

# Joaquim Roriz
Primeiro vice-presidente, ele é o principal interessado na decisão

# Eduardo Pinho Moreira
Ex-governador de Santa Catarina

# Gerson Camata
Senador do Espírito Santo

# Mauro Lopes
Deputado federal por Minas Gerais

# Caíto Quintana
Deputado estadual pelo Paraná

# Dorany Sampaio
Presidente do PMDB de Pernambuco

# Darcísio Perondi
Deputado federal pelo Rio Grande do Sul

# Orestes Quércia
Ex-governador de São Paulo

# Mônica Paes de Andrade
Mulher do deputado Eunício de Oliveira e filha do ex-presidente do partido Paes de Andrade

# Nelson Bornier
Deputado federal pelo Rio de Janeiro

# Wilson Santiago
Deputado federal pela Paraíba

# Carlos Bezerra
Deputado federal pelo Mato Grosso

# Henrique Eduardo Alves (RN)
Líder do PMDB na Câmara

# Renan Calheiros (AL)
Líder do PMDB no Senado