Após nove dias de paralisação dos policiais civis de Goiás, agora é a vez dos médicos legistas e peritos criminais. A partir desta segunda-feira (6/7), as categorias também prometem cruzar os braços. Com isso, além do funcionamento de apenas 30% das delegacias, não haverá recolhimento de corpos nas ruas e a liberação de cadáveres no Instituto Médico Legal (IML) de Formosa e Luziânia.
O fato se repete. No ano passado, médicos legistas e peritos da Polícia Civil de Goiás pararam. "Na última greve, teve recolhimento de corpos. Desta vez, não haverá busca nas ruas nem liberação nos hospitais e necrotérios", promete o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Goiás (Sinpol-GO), Silveira Alves de Moura. Os IMLs de Formosa e Luziânia atendem todo o Entorno.
Em Formosa, a situação é precária. O IML conta apenas com um perito e um médico legista. "O perito só vem até aqui em extrema necessidade, uma média de uma vez por mês", conta Moura. Em Luziânia, a história não é diferente. Um perito de plantão, diariamente, atende toda a regional. "Não dá para cobrir todas as ocorrências. Na atual situação, só conseguimos fazer os laudos preliminares de homicídios e tráfico de drogas. Os laudos conclusivos estão pendentes. Muitas vezes, levamos a Goiânia para andar mais rápido, mas nem sempre dá", explica o presidente do Sinpol-GO. [SAIBAMAIS]
Diferentemente dos policiais civis que reivindicam reajuste de 50% proporcional aos últimos cinco anos ; além do restante do pagamento do resido do subsídio de R$ 500 relativo a 2006 ;, os peritos e legistas protestam a falta de efetivo. "A insatisfação se dá mais pela precariedade de mão de obra do que pelo aumento salarial", conta Moraes. Segundo ele, o último concurso foi realizado há cinco anos.
Acordo
Em assembléia geral na segunda-feira (30/6), a categoria decidiu manter a paralisação por tempo indeterminado, até que o governo pague a reposição inflacionária dos últimos cinco anos. Esta semana, representantes da PC sentaram-se com o secretário de Segurança Pública, Ernesto Roller, mas não houve acordo. "Foi feita apenas a promessa de que haverá um concurso para perito, legista e auxiliar de autópsia no 2; semestre deste ano, mas são apenas promessas", disse Moura.
O último concurso para agente escrivão e delegado foi em 2005. Porém, os 612 agentes, 200 escrivães e 300 agentes só tomarão posse em agosto. "Precisamos de 3,5 mil policiais para suprir as vagas em aberto. Trezentos policiais se aposentaram no ano passado, e este ano já temos aproximadamente 200 pedidos de aposentadoria. Desse jeito, a falta de efetivo vai continuar."