Jornal Correio Braziliense

Cidades

Mais dois hospitais suspendem atendimento à Cassi

Mais dois hospitais suspenderam ontem o atendimento aos associados do plano de saúde. Agora, são sete dos 14 estabelecimentos credenciados que romperam com a operadora

[SAIBAMAIS]Mais dois hospitais de Brasília se descredenciaram da rede de atendimento da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, a Cassi. Ontem, os hospitais Daher e das Clínicas de Brasília anunciaram que não atendem mais os usuários do plano de saúde. Ao todo, são sete hospitais da capital federal que comunicaram o fim do vínculo com o convênio esta semana. O desligamento prejudica 10% dos usuários de planos de saúde do Distrito Federal. Os 84.093 conveniados na capital do país contam, agora, com sete das 14 opções de hospitais que tinham até a semana passada. Na terça-feira última, os hospitais Santa Lúcia, Santa Helena, Prontonorte, JK e Brasília anunciaram a suspensão do plano. O descredenciamento se deve a divergências sobre os reajustes das tabelas de diárias e taxas pagas pelo plano aos hospitais. A Cassi alega que os aumentos reivindicados são elevados . Os hospitais argumentam que têm dificuldades econômicas para manter o atendimento. As negociações continuam. Enquanto isso, os consumidores devem procurar atendimento nos hospitais ainda credenciados. Os pacientes em tratamento podem solicitar que seus médicos atendam nos hospitais que ainda fazem parte de sua rede, orienta a gerente da unidade da Cassi no DF, Denise Rodrigues Eloi de Brito, uma vez que o atendimento nos consultórios está mantido. ;O que está suspenso são as emergências e urgências e os procedimentos ligados à internação. O médico pode se dispor a trabalhar em outro hospital, porque mesmo que atenda pela Cassi, se o tratamento implicar utilização dos serviços de hospital, ele terá que fazer em outro local;, explicou Denise Rodrigues. Internos Apenas os consumidores internados têm o tratamento garantido nos hospitais que se desligaram. Nesse caso, os estabelcimentos são obrigados a manter o tratamento até que o paciente seja liberado pelo médico. Cliente da Cassi, a pensionista Mariette de Carvalho, 73 anos, foi ontem ao Hospital Santa Lúcia com o neto Therje de Carvalho, 36. Devido à hipertensão, ela tem de fazer acompanhamento periódico com o cardiologista do centro médico. Mas o rompimento da instituição com o convênio Cassi trouxe muitos transtornos. ;É um horror. Várias vezes tive problemas para conseguir uma consulta;, contou. A alternativa encontrada foi usar outro plano de saúde. ;Também sou associada ao convênio dos servidores do STJ (Superior Tribunal de Justiça). É a única forma de não ficar sem atendimento;, acrescentou. Mas quem não tem outra opção fica sem atendimento. Assim como os três netos de Mariette, que ficarão sem o convênio médico. ;Eles não têm outras opções como eu. Ficamos com medo em caso de emergência;, explicou. A disputa entre hospitais e a Cassi se deu por dificuldades nas negociações em relação ao reajuste nos valores pagos por taxas e diárias. De acordo com o Sindicato Brasiliense de Hospitais, Casas de Saúde e Clínicas, o indexador aplicado desde 2001 nas negociações com os demais planos é o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nos 12 meses anteriores ao período de negociação. ;O índice é utilizado como base, serve de balizador para as negociações, que são feitas caso a caso. A Cassi não tem dado nada, o que pode inviabilizar economicamente os hospitais;, afirma a gerente executiva do sindicato, Danielle Feitosa. Em nota, o Hospital Daher informou que está há mais de dois anos em negociações sem acordo com a Cassi e se tornou inviável economicamente a continuidade do atendimento para o hospital. O Hospital Santa Lúcia também divulgou uma nota em que garante que ;tentou realizar diversas negociações objetivando a manutenção do contrato com a Cassi, o que somente não foi possível em razão da injustificada intransigência do convênio em resolver todas as pendências existentes;. A gerente comercial do Santa Helena e do Prontonorte, Déa Martins Bessa, critica ainda a dificuldade de resolver outros problemas de ordem operacional com a operadora. Os outros hospitais preferiram não se pronunciar. A representante da Cassi critica a utilização de um indexador. ;Não concordamos com a lógica da indexação de contratos. Não está alinhada com a prática de mercado de outros estados. É um modelo engessado. Queremos um modelo que varie de acordo com a complexidade da estrutura de cada serviço;, afirma Denise. De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) os planos de saúde têm liberdade de suspender contratos com hospitais, desde que o atendimento não seja prejudicado. Se isso acontecer, os consumidores devem ligar para o Disque ANS (0800-7019656). CASSI A Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil é uma empresa de autogestão em saúde fundada em 1944 por funcionários do banco. Hoje, tem mais de 700 mil participantes, divididos em dois planos: Plano de Associados e Cassi Família. UNIMED ASSINA TAC A Unimed Brasília Cooperativa de Trabalho Médico assinou ontem um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a 1; Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor (Prodecon) se compromentendo a não mais aplicar cláusulas dos contratos antigos que contenham restrições de internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e de reajuste pela condição de implemento de idade de 60 anos. Além disso, a Unimed tem 30 dias de prazo para enviar carta aos usuários e informar que as cláusulas em questão não estão mais em vigor. A empresa também tem 30 dias para colocar em sua página de entrada na internet um aviso sobre o termo, que deve ficar disponível por três meses. Caso haja descumprimento do TAC, a Unimed está sujeita a multa de R$ 10 mil. O QUE É Agência Nacional de Saúde Suplementar é responsável por fiscalizar o mercado de planos de saúde no Brasil. É a ANS que regulamenta o setor de saúde privada. Disque ANS: 0800 701 9656