Se a última jogada do ex-governador Joaquim Roriz tivesse ocorrido numa mesa de pôquer, seus adversários estariam agora na expectativa de conhecer as cartas do peemedebista. Roriz aposta todas as suas fichas numa manobra para tentar se viabilizar no PMDB. Designou um de seus principais aliados, o deputado federal Laerte Bessa (PMDB-DF), para pedir a intervenção nacional no partido. Bessa ameaça sair da legenda caso Tadeu Filippelli continue na presidência da sigla no Distrito Federal. Mas há quem acredite que Roriz esteja blefando. Sua real intenção, dizem os defensores dessa tese, é de que a pressão sobre a cúpula do PMDB, seria na verdade, para justificar o desembarque no nanico PSC.
Os movimentos de Roriz indicam que ele trabalha com as duas possibilidades. Há alguns dias, almoçou no Porcão com a cúpula do partido para onde deve seguir depois de testar o PMDB. Há 20 dias, no entanto, negocia o pedido de intervenção com a base no partido que o apoia. Ela inclui a presidente nacional em exercício da legenda, a deputada federal Íris de Araújo (GO). Com a parceria do deputado Laerte Bessa, o ex-governador prosseguiu na intenção de forçar um desfecho sobre a sua situação no PMDB.
Afastamento
Um deles pode ser o afastamento de Filippelli. Isso ocorreria caso a Executiva Nacional do partido se convencesse sobre a chance de Roriz de vencer as eleições e puxar votos para deputados federais e distritais do partido. O que enfraquece essa hipótese é o fato de Roriz ter de bater a mão na mesa. O partido já deu demonstrações em um passado recente de que não tem tanto interesse no potencial eleitoral do ex-governador.
Na época em que o ex-governador foi ameaçado de cassação no Senado, a cúpula nacional do PMDB não trabalhou para evitar a renúncia dele. Tampouco sinalizou que dará a legenda para que Roriz entre na corrida para o Palácio do Buriti em 2010. Apesar de ter o apoio do presidente do Senado, José Sarney, em contrapartida o presidente da Câmara, Michel Temer (SP), não se posicionou a favor das intenções do ex-governador. Até porque, os dirigentes do partido alegam que não podem se precipitar antes da definição do tabuleiro das eleições à presidência da República.
Alternativa
Ciente da sua fragilidade dentro do PMDB, Roriz tem feito conjecturas sobre as alternativas para sair candidato nas próximas eleições. Uma delas passa pelo PSC, para onde está enviando seus fiéis escudeiros. Entre eles, Valério Neves, hoje chefe de gabinete da deputada distrital Jaqueline Roriz (PSDB), filha do ex-governador. O peso do bóton de deputado federal aumente a ameaça de partida de Laerte Bessa.
Mas se isso não for suficiente, o deputado já tem planos do que fará para deixar a partido sem perder o mandato. "Não faz sentido deixarmos de concorrer às eleições se temos um candidato com real chance de vencê-las. Se o meu pedido não for aceito, deixo o PMDB e me filio ao PSC(1), mas antes entro na Justiça para provar que a minha atitude ocorreu para me preservar de um partido que terá sua história e seu futuro comprometidos com a postura atual", adianta o deputado, que busca no pedido de intervenção um respaldo para justificar a possível transferência de legenda. Dois dos 17 presidentes de zonais (do Paranoá e do Núcleo Bandeirante) assinaram embaixo do documento protocolado por Bessa.
Segundo o estatuto do PMDB, Tadeu Filippelli terá oito dias para apresentar a defesa e tentar se manter à frente do partido. A decisão será tomada pela Executiva Nacional, que reúne 15 integrantes. Um dos argumentos que usará é o de que formalmente nunca negou a possibilidade de que Roriz seja o candidato ao governo, apesar do rompimento entre os dois e da ida do deputado para a base do governo José Roberto Arruda. "Falta mais de um ano para vencer o prazo até a definição do candidato. Jamais neguei a possibilidade de Roriz ser o nome escolhido pelo partido para concorrer em 2010", diz o deputado.
1- PSC
O Partido Social Cristão é um dos menores na Câmara dos Deputados. Tem apenas 11 representantes, mais apenas do que o PSol, PHS e PTdoB.