Durante o dia ou a noite, o movimento era intenso na quadra 29, conjunto C do Paranoá. Em uma das casas da região, o acesso a vários tipos de droga era facilitado. 'As pessoas apareciam por aqui a qualquer hora do dia. Muitas crianças e adolescentes roubavam e vinham trocar mercadorias por drogas', diz uma das vizinhas, que não quis se identificar.
No fim da tarde desta sexta-feira (19/06), o problema que incomodava a vizinhança chegou ao fim. A Polícia Civil prendeu a família que morava no lote onde as drogas eram comercializadas, principalmente crack, merla e cocaína. Terezinha Bezerra do Nascimento, 51 anos, sua filha Ceiciany Bezerra do Nascimento, 27 anos, e o outro filho Paulo Sérgio Bezerra do Nascimento, 26 anos, foram surpreendidos em suas casas. No local, a polícia encontrou 36 pedras de crack, uma lata de merla e R$ 345 em dinheiro.
Segundo o delegado-chefe da 6ª Delegacia de Polícia no Paranoá, Miguel Lucena, a família vendia o material na própria residência para usuários e ainda distribuía para outros revendedores. 'Um traficante preso recentemente já havia acusado Terezinha de revender drogas aqui na região, o que ajudou nas investigações', disse o delegado.
Venda familiar
A Polícia investigava a família há dois meses. O filho de Terezinha, Paulo Sérgio, já tem passagem pela polícia por tráfico de drogas e assalto. Ele estava em liberdade condicional e devido à reincidência no crime, deve ter a nova pena agravada. Ele negou que vendia as drogas, mas confessou ser usuário e que a merla encontrada era para consumo próprio.
Presa na delegacia com os dois filhos,Terezinha do Nascimento negou as acusações. 'Eu não tenho nada a ver com isso, eles encontraram a droga no quarto da minha filha. Quem vendia drogas era o ex-marido dela', disse. Ceiciany não quis comentar.
Insegurança
O tráfico de drogas ocorria há mais de dez anos no local, segundo moradores da região. 'Se a Terezinha traficava ou não eu não sei, mas ela sabia que os filhos faziam isso e mesmo assim deixava', disse uma outra vizinha que também não quis se identificar.
Com medo de retaliações, muitos moradores desconversam. Maria Mercê Oliveira, vizinha da família, diz que não sabia de nada. 'Nunca vi nada suspeito na casa';, garantiu. Outra vizinha diz que teme ser perseguida.'A gente não pode dizer nada, eles vão ficar presos por pouco tempo, É sempre assim. E depois podem vir atrás da gente', ressalta.
Os três integrantes da família foram indiciados por tráfico de drogas, com pena prevista de cinco a 15 anos de prisão. Caso seja comprovado que houve formação de quadrilha, eles ainda poderão somar de três a dez anos de reclusão por associação para o tráfico de drogas. Agentes da 6ª DP investigam o envolvimento de mais pessoas no caso e também a existência de outros pontos de venda.