Jornal Correio Braziliense

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Casos de conjuntivite viral aumentam com o frio e a seca

Doença não apresenta perigo e seu tratamento é simples, mas a inflamação incomoda bastante

O frio dos últimos dias antecipou o inverno e trouxe o risco de doenças transmitidas por vírus e bactérias. É nesta época do ano que cresce o número dos casos de conjuntivite, um processo inflamatório ocular que não apresenta muito risco, mas incomoda bastante. ;Até para piscar, os olhos doem;, reclama a cabeleireira Maria de Lourdes Gomes, 29 anos. Maria de Lourdes identificou o problema há três semanas e logo procurou atendimento. ;Usei o colírio receitado, mas a doença não só persistiu, como também passou para o outro olho;, lamentava a cabeleireira enquanto aguardava a vez na fila do hospital. Segundo a chefe da Oftalmologia do Hospital de Base (HBDF), Ana Paula Furtado, ainda não foi possível perceber um aumento significativo no número de casos de conjuntivite no HBDF, mas é bom se precaver. Com o frio, as pessoas tendem a buscar refúgio em ambientes fechados, onde os microorganismos se espalham com mais facilidade. Em Brasília, o problema é agravado pela baixa umidade do ar, que favorece a disseminação de vírus. A conjuntivite virótica é uma das doenças mais comuns dos olhos, mas as conjuntivites também podem ser causadas por alergias, bactérias ou compostos químicos que tenham contato com os olhos. Quando causada por vírus, a doença leva de quatro a dez dias para ir embora. ;O tratamento da conjuntivite é sintomático. É como a gripe;, compara o oftalmologista Luiz Carlos Portes, membro do conselho consultivo da Sociedade Brasileira de Oftalmologia. Portes explica que a conjuntivite não tem cura, mas é possível minimizar os incômodos causados por ela tratando os sintomas. ;A doença segue uma ordem cronológica, mas, nos casos em que o paciente se sente muito mal, é possível administrar um antibiótico;, diz o oftalmologista. Além dos colírios receitados pelos médicos, os pacientes com conjuntivite também podem fazer compressas com água fria e usar óculos escuros, que protegem os olhos da fotofobia decorrente da inflamação. As compressas foram a primeira escolha da estudante Claudineia Nunes da Silva, 18 anos. Quando o filho Luiz Fernando, de apenas 1 ano, começou a apresentar problemas para dormir, a mãe desconfiou de conjuntivite. ;O olho dele ficou bem vermelho e lacrimejava muito;, lembra. Para minimizar o sofrimento do menino, Claudineia administrou soro e compressas de água fria enquanto não chegava a hora de levar Luiz Fernando ao médico. Depois da consulta, com o colírio na mão, a preocupação passou a ser não pegar a doença do filho. ;Tem que lavar as mãos a toda hora;, ensina a estudante. A dica é reforçada pelo oftalmologista Victor Saques Neto, do Hospital Oftalmológico de Brasília (HOB), que acrescenta: ;Quem tem conjuntivite precisa se afastar do trabalho e tomar cuidado com materiais de uso comum, como toalhas;. No consultório de Neto, já foi possível perceber um aumento no número de casos de conjuntivite. ;Quem estiver com o olho inchado, pesado e com secreção deve procurar um médico para confirmar o diagnóstico;, instrui o oftalmologista. Acordar com os olhos ;pregando; também é sintoma da inflamação. Em tempos de seca, é possível se precaver da conjuntivite mantendo os olhos úmidos, mas os especialistas aconselham consultar um médico antes de escolher o colírio.