Se as escolas do Distrito Federal fossem alunos em uma sala de aula, a nota tirada pela maioria dos estudantes seria suficiente apenas para passar de ano. O boletim das 539 instituições de ensino públicas avaliadas pelo Sistema de Avaliação de Desempenho das Instituições Educacionais do DF (Siade) é marcado pelo desempenho mediano ou básico. Na prática, isso quer dizer que os alunos não têm conhecimento satisfatório do conteúdo, em uma escala definida pelo Ministério da Educação (MEC) como sendo a ideal quando chega o fim do ano letivo.
;Ainda estamos longe de alcançar um ótimo resultado, mas as primeiras medidas adotadas pelo governador José Roberto Arruda já começaram a dar sinais de que seguimos no caminho de transformar o ensino do DF no melhor do paÃs;, observa o secretário de Educação, José Luiz Valente.
Os números, contudo, apontam que o caminho é longo. No terceiro ano do ensino médio, por exemplo, apenas duas escolas se destacaram na escala de desempenho e alcançaram o patamar esperado. As outras 72 ficaram entre básico e abaixo do básico. A mesma realidade se repete nas outras séries. Na 8ª série, 91% das notas das escolas em matemática foram medianas. O mesmo ocorreu com 100% das menções em português.
Parcialmente
Na 6ª série, quase 90% não passaram do patamar mÃnimo. Só nas 2ª e 4ª séries é que a realidade ficou um pouco melhor. Nas séries iniciais do ensino fundamental, metade das escolas teve desempenho básico. A Secretaria de Educação admite que o conhecimento dos alunos está sendo absorvido apenas parcialmente. ;O conhecimento básico é suficiente para passar de ano, mas não é completo. É como se alguns pontos ficassem faltando;, explica a secretária-adjunta, Eunice Oliveira.
O problema desses detalhes que ficam de fora do aprendizado é o efeito dominó. O Siade mostrou que os alunos da rede pública do DF vão de um ótimo desempenho nos primeiros anos da vida escolar para, a partir da 6ª série do ensino fundamental, passar por uma queda no conhecimento adquirido nas salas de aula. Essa mudança se reflete no aprendizado até o último ano do ensino médio.
Comparação
O Siade foi criado no inÃcio do ano passado como um dos alicerces da gestão do atual governo na educação. A proposta é comparar o desempenho de cada escola com ela mesma no ano anterior para acompanhar a performance das instituições de ensino. ;A proposta é saber onde a gente melhorou e descobrir onde precisamos nos aprimorar;, observa Valente. ;Os relatórios pedagógicos darão a cada professor instrumentos para que ele identifique o que os alunos sabem menos e em que parte do conteúdo programático eles têm de trabalhar;, detalha.
Na semana passada, as 539 escolas que participaram das provas receberam um boletim apontando essas falhas em cada instituição. Junto, receberam relatórios pedagógicos que permitirão aos professores trabalharem focados no que os alunos não estão aprendendo. E, a partir do dia 9, todas as 14 diretorias regionais de Ensino (DREs) participarão de oficinas para aprender a avaliar os resultados e, além disso, transformá-los em respostas práticas para as escolas.
Outra medida está associada à transparência. Na última semana, um debate dominou o gabinete da Secretaria de Educação. Os gestores da Coordenação de Avaliação eram contrários à divulgação dos dados do Siade. O secretário, no entanto, optou pela liberação das notas de todas as escolas seguindo a Lei nº 4.036, que criou a Gestão Compartilhada na Secretaria. O segundo artigo da lei diz que cabe ao Estado ;assegurar o processo de avaliação educacional mediante mecanismos internos e externos, a transparência de resultados e a prestação de contas à comunidade.;
Para Valente, mostrar a realidade para a sociedade é positivo porque cria uma pressão por melhorias. ;O resultado negativo pode estimular a virada no ensino;, aposta.
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