O novo projeto para a Praça da Soberania, com a redução da altura do obelisco e a garantia de visibilidade de toda a Esplanada dos Ministérios, não arrefeceu a polêmica nem diminuiu a resistência entre arquitetos e urbanistas. Ontem, o governador José Roberto Arruda anunciou que não fará a obra idealizada por Oscar Niemeyer. Mas o argumento não tem relação com a ;briga boa; ; como Niemeyer já se referiu ao debate público sobre o assunto. Arruda explicou que o projeto não sairá do papel em seu governo por falta de recursos.
O governador falou ao Correio durante a Festa do Divino, em Planaltina. Ele destacou que ainda não recebeu o novo projeto, mas disse que já havia conversado sobre o tema em um encontro com Niemeyer no Rio de Janeiro, na última quinta-feira. ;A discussão é válida, mas não é uma obra que a gente possa fazer neste governo porque não há recursos;, explicou Arruda. ;Ele (Niemeyer) é um exemplo de vida, um artista e merece nosso respeito;, finalizou o governador.
Mesmo com as mudanças no projeto da Praça da Soberania, ainda há críticas. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB-DF) afirmaram que a nova proposta também representa agressão ao tombamento, já que o projeto de Lucio Costa prevê que o canteiro central da Esplanada permaneça sem edificações.
Oposições
A primeira proposta, submetida ao GDF em janeiro deste ano, foi recebida com críticas por especialistas. O argumento principal era de que a praça concebida por Niemeyer feria o projeto urbanístico de Lucio Costa, tombado pela Unesco. Outra crítica era que a construção ; um obelisco de 100m de altura e um prédio dedicado à memória dos ex-presidentes ; bloquearia a vista que se tem do Congresso e dos prédios da Esplanada, principalmente do ponto de vista de quem circula pela Rodoviária do Plano Piloto.
Em 3 de fevereiro, Niemeyer anunciou, por carta, que desistira da construção. Mas, em entrevista ao Correio publicada na última sexta, o arquiteto mostrou o novo projeto e garantiu que vai fazer defesa ferrenha de suas ideias. ;A arquitetura de Brasília tem direito a uma praça mais digna, melhor. Coloquei os prédios numa posição mais favorável, de modo que a gente consiga ver livremente tudo, da Rodoviária até a Praça dos Três Poderes;, declarou.
Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense deste domingo