Mais de um celular por habitante e quase metade dos lares equipados com computador. O Distrito Federal é a unidade da Federação com a maior quantidade de computadores e telefones portáteis em relação ao número de habitantes. São 3,63 milhões de linhas ativas e 355 mil casas com pelo menos uma máquina ; tudo isso para 2.557.158 moradores. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) colocam o DF no topo da lista quando se trata dos aparatos tecnológicos.
Pelas contas da Anatel, é como se cada brasiliense andasse com 1,42 celular ; quase um telefone e meio por pessoa. A proporção é bem maior do que a registrada nas principais metrópoles do país, como São Paulo e Rio de Janeiro (0,96 e 0,98 celular por pessoa, respectivamente). A advogada Verônica Gomes da Silva, 49 anos, colabora com as estatísticas. Na casa dela, há mais computadores e telefones do que moradores. São seis celulares e quatro máquinas para três pessoas: Verônica, a mãe e o filho. Os três telefones usados pela advogada têm funções distintas. Um número é mais divulgado para amigos e clientes, outro é só para os íntimos, e o terceiro representa economia em ligações para números fixos. Discar não é o único trabalho dos celulares de Verônica. ;Uso os celulares para acessar a internet, fotografar e ouvir música, todos têm essas funções. Você não precisa carregar outros aparelhos, com esses você faz tudo o que precisar;, comentou. Em busca de modelos mais atuais, a advogada aproveita promoções das operadoras para trocar os aparelhos.
Na casa de Verônica, o computador de mesa fica no escritório, enquanto os três notebooks têm utilidade em viagens e deslocamentos dentro da cidade. Na última semana, mais um aparelho passou a ocupar a mesa da advogada. Ela assumiu a Prefeitura da 305 Sul e ficou responsável pelo notebook usado na gestão da quadra. O aparato de Verônica é usado principalmente para trabalho, pesquisa e contato com amigos. ;Isso é para se comunicar, não se isolar;, acredita.
Terceira idade
Na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) realizada em 2007, o IBGE encontrou computadores em 48,8% dos lares brasilienses ; a média nacional é de 26,6%. Quando se fala em máquinas com acesso à internet, o número cai para 18% das casas brasileiras. ;A principal barreira para a compra do computador é o custo. As pessoas compram o computador, mas não conseguem pagar a conta para acessar a internet. Ainda tem muitos sem conexão;, revelou Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, o centro de estudos do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI). O acesso à internet também varia com a idade do usuário ; o uso do serviço é mais frequente no caso de adolescentes, jovens e adultos de até 39 anos. ;Podemos pressupor, que à medida que as gerações de jovens hoje tornam-se adultos, a tendência é que no futuro pessoas de meia idade e terceira idade estarão fazendo mais uso da internet;, adiantou Alexandre.
O alto poder aquisitivo dos moradores do DF é uma das explicações para a proliferação dos celulares e computadores. ;Quanto maior a faixa de renda, maior é a faixa de lares com pessoas usando a internet. E tem a questão do grau de instrução da população;, disse Alexandre. De acordo com o IBGE, o rendimento médio do brasiliense é de R$ 1.970 por mês, o maior do país (dados de 2007).
No entanto, o estilo de vida da cidade também contribui. A especialista em sociologia urbana da Universidade de Brasília Mariza Veloso atribui outros fatores à popularização dessas tecnologias na região. ;As pessoas aqui vivem muito seus próprios mundos, é uma cidade muito voltada para o trabalho, as pessoas estão sempre ocupadas. Faz parte do jeito brasiliense de existir usar a tecnologia o tempo todo nos seus processo de interações com outros indivíduos. Vai tudo por e-mail ou por telefone;, explicou.
A especialista ressalta que há ainda a influência da própria arquitetura da cidade, que proporciona poucos espaços de agregação social. Com um celular ou notebook por perto, a pessoa se mantém sozinha, mas acessível. ;É, ao mesmo tempo, sentir-se conectado com o mundo e ter sua individualidade completamente preservada. É estar sempre atento ao que pode estar acontecendo, às demandas sociais e aos chamados;, concluiu Veloso.
Internet sem fio
Confira os aparelhos que conseguem se conectar à rede mundial de computadores
Notebook
Computadores portáteis, facilitam a mobilidade. Muitos não pesam mais do que 3kg e têm todas as funções de uma máquina fixa.
Celular
O aparelho que conquistou o brasiliense começou a se espalhar na cidade na década de 1990. O celular possibilita a comunicação à distância por meio de ondas eletromagnéticas. A primeira geração de celulares era analógica, em seguida, o sistema evoluiu para digital, com as tecnologias GSM, CDMA e TDMA. A nova geração é a 3G, que oferece internet em alta velocidade.
Smartphone
Aparentemente, é só um telefone, mas esconde diversas funcionalidades. Como eles têm acesso à internet, é possível checar e-mails, entrar em sites e usar programas de conversa instantânea. Alguns deles contam com programas do Windows, como Word e Excel.
Handheld
É um computador pequeno o suficiente para ser guardado no bolso. Possui funções comuns a celulares e computadores, como agenda de compromissos, cadastro de endereços e telefones e acesso a e-mail.
Videogame portátil
Alguns lançamentos de videogames possibilitam que o usuário brinque com outros jogadores, usando a internet. Eles captam Wi-Fi e fazem jogos em rede.
Tocador de música
Os chamados MP3 players armazenam arquivos de áudio e funcionam como os walkmans do passado, com fones de ouvido. Os mais modernos reproduzem fotografias e filmes, além de guardar todo tipo de arquivo. Alguns modelos captam rede de internet sem fio.
Onde conseguir internet na rua?
# Aeroporto Internacional de Brasília
# Biblioteca Nacional, na Esplanada dos Ministérios
# Pontão do Lago Sul
# Hotéis do Setor Hoteleiro Norte
# Restaurantes do Pier 21
# Palácio da Alvorada
# Praça dos Três Poderes
Pontos de acessos
A internet ganhou as ruas e hoje não é mais preciso esperar chegar em casa ou no trabalho para ficar online. Nos últimos cinco anos, houve a multiplicação dos pontos de internet Wi-Fi, os chamados hot-spots. O sistema de internet sem fio está presente em shoppings, aeroporto, restaurantes, livrarias e outros estabelecimentos da cidade.
Na última sexta-feira, o analista Walberth Rogério de Souza, 34 anos, procurava uma rede Wi-Fi disponível na praça de alimentação de um shopping. Com internet e um notebook, ele resolve chamados de última hora do trabalho em qualquer lugar. ;Já saio de casa com ele, parece que é uma parte do meu corpo;, comentou Rogério. O analista tem dois computadores ; um fixo em casa, mais usado para lazer, e o notebook, só para trabalho. Ele ainda carrega um modem portátil, garantia de internet quando não há Wi-Fi por perto.
O editor e produtor musical Marcelo Carvalho, 44 anos, pode se conectar à rede mundial de computadores a qualquer momento com o notebook que carrega para trabalho e lazer. ;O que me interessou na compra do notebook foi otimizar meu tempo. Se tenho que ir ao banco, pegar fila ou ficar parado, posso fazer uma pesquisa e trabalhar. Fiquei animado com isso de poder me conectar onde eu estiver;, disse. Além do modelo portátil, Marcelo guarda outros seis computadores em casa, cada um com uma utilidade ; um é usado pelo filho, um ajuda nas edições de áudio e vídeo, outro serve de teste para novos programas, etc. (ET)