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Cidades

Assassino de mendigos é suspeito de outra morte

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O homem que confessou ter executado dois mendigos na Praça do Índio, em 19 de janeiro, é ;forte suspeito; de ter matado outro morador de rua, desta vez perto da Praça do DI, em Taguatinga, em 2006. A afirmação é do chefe da Coordenação de Investigação de Crimes Contra a Vida (Corvida), Luiz Julião Ribeiro, responsável pelo inquérito aberto há três anos. A suspeita surgiu após a prisão de José Cândido do Amaral Filho, 48 anos, em abril. A principal testemunha do crime de 2006, responsável pelo retrato falado na época, deu ;100% de certeza; de que o analista do Banco Central (BC) é o assassino de Taguatinga. Se confirmado, ele passaria a ser um assassino em série de moradores de rua. O crime ocorreu na manhã de 2 de março de 2006, em via pública da QNA 12/26 de Taguatinga, próximo à Praça do DI. Segundo as testemunhas, um homem alto, de cabelos grisalhos, aparentando entre 45 ; idade de José do Amaral à época ; e 50 anos se aproximou de um mendigo que dormia na rua e disparou duas vezes. Um tiro acertou a mão esquerda e o outro, o coração. O autor, bem vestido, fugiu a pé. De acordo com Julião, as coincidências entre os crimes não param na descrição do executor (leia quadro). ;As armas têm o mesmo calibre e as vítimas eram moradoras de rua, mas a principal evidência contra ele (José) é o recente reconhecimento da testemunha;, afirmou. Quatro pessoas presenciaram a morte na Praça do DI, mas apenas uma viu o autor dos disparos de frente. Na época, a testemunha fez um retrato falado para a polícia. O desenho remete aos traços físicos do morador da Asa Sul. ;A semelhança chamou nossa atenção. O fato de em ambos os casos as vítimas serem moradores de rua foi a gota d;água para convocarmos a pessoa para o reconhecimento;, contou o chefe da Corvida. No último dia 9, diante de quatro pessoas colocadas uma ao lado da outra, a testemunha não hesitou ao ver o rosto do morador da 704 Sul. Apesar dos ;fortes indícios;, a polícia ressalta que são necessárias outras provas para incriminar o servidor, casado e pai de três filhos. ;Temos que levantar outros pontos, como a motivação e por que ele teria se deslocado até Taguatinga;, observou Julião. A vítima foi Cleiton Mendes de Oliveira, 23 anos. Preconceito Um homem que não gosta de homossexuais e de moradores de rua. Assim o próprio José Cândido se definiu em entrevista à imprensa no dia de sua prisão, em 28 de abril. ;Quando vi os dois mendigos se acariciando, fiquei indignado;, declarou ele, à época (leia memória). Amigos e colegas de trabalho confirmam o perfil preconceituoso do analista do BC. Conforme apuração do Correio, ele já fez abaixo-assinado contra a passeata gay de Brasília e uma série de comentários sobre homossexuais com colegas de trabalho. Na visão de Julião, caso confirmada a autoria do crime cometido há três anos, José pode ser considerado um assassino em série. ;Nesses casos, geralmente, o homicida acredita que deve eliminar algo que o incomode sistematicamente;, comentou o chefe da Corvida. A chefe da 1ª DP (Asa Sul), Martha Vargas, responsável pelas investigações das mortes de Paulo de Oliveira, 35, e Raulhei Fernandes, 26, na Praça do Índio, pediu comedimento. ;É preciso colher mais provas antes de tirar conclusões;, sugeriu. José Cândido teve a prisão preventiva decretada no último dia 17 e segue atrás das grades. Ele passa por tratamento contra depressão e transtorno bipolar e, questionado pelos investigadores sobre o crime de Taguatinga, negou qualquer envolvimento. Leia matéria completa na edição impressa do Correio Braziliense