A partir do dia 25 de maio, os moradores das quadras 8,9,15 e 16 da vila Dnocs, que fica às margens da BR 020, bem em frente à Sobradinho, terão de sair de seus barracos de madeira para que as máquinas do Governo do Distrito Federal iniciem o trabalho de terraplanagem do local onde serão construídas 136 casas populares nesta primeira etapa. Há a previsão de mais duas fases, ainda sem data definida para início.
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A obra é uma antiga promessa, que só agora começa a se concretizar graças aos recursos federais destinados ao Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). No total serão construídas 399 casas de dois pavimentos com 59m² e 30 térreas de 41m², para atender às necessidades de idosos e portadores de necessidades especiais. Segundo a Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Codhab), o motivo para a construção dos sobrados é o tamanho reduzido dos lotes: 90 m². A obra deve custar aos cofres públicos R$ 18 milhões e a conclusão está prevista para 2010.
Na próxima segunda-feira (25/05), o GDF começa a entrega de ;cheques moradia; no valor de R$ 320,00 para quem encontrou um lugar para morar. É ai que inicia o problema. Alguns moradores afirmam que há resistência, por parte da comunidade de Sobradinho, na hora de alugar. ;Quando a gente diz que é do Dnocs a pessoas desiste logo. Eles têm preconceito, porque aqui moram pessoas que não são de confiança como a gente;, reconhece Simone dos Santos Reis, moradora da vila há sete anos.
Tempo em que recebe R$ 160,00 por mês do programa Bolsa escola, que favorece seus dois filhos. Para complementar a renda Simone vende bombom e faz trabalho de bordado. Ela conta ainda, que seus parentes mais próximos moram no Recanto das Emas, e seus dois filhos estudam em Sobradinho, o que, em sua opinião, torna inviável a mudança. ;Gostaria de ficar por aqui mesmo, nem que seja debaixo de uma barraca;.
O problema de Simone se repete entre outros moradores da Vila, na grande maioria beneficiários de programas de transferência de renda. O auxiliar de serviços gerais Expedito campos de Araújo, revela que há até quem se aproveite da situação, para tentar lucrar. ;Um homem lá de baixo (onde a obra ainda não será realizada), pediu R$ 250,00 para alugar um pedado de chão no seu lote;, revela.
A Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda ; Sedest é quem dará o ;cheque moradia;. O órgão reclama que os moradores do Dnocs estão acomodados. ;Eles precisam resolver seus problemas sozinhos, nos só vamos interferir em último caso. Muitas vezes o que acontece é que a pessoa quer ficar próxima da sua área de conforto, e não quer alugar um imóvel longe de onde mora; analisa Eliana Pedrosa, titular do Sedest.
Segundo Pedrosa,quem não encontrar um local para ficar, enquanto sua casa é construída, terá o caso analisado em particular.; Nós podemos oferecer o albergue (mesmo local para onde vão os moradores de rua recolhidos)para as pessoas que não encontrarem um lugar para ficar. Em último caso, podemos montar barracas no campo de futebol da Vila, mas esta é uma solução de emergência, já que os custos de aluguel da barraca, banheiros químicos e alimentação das famílias são maiores que o valor gasto com o cheque moradia; revela.
Má fama
A vila Dnocs foi criada na época da construção de Brasília. Lá viviam os trabalhadores do Departamento Nacional de Obras Contra a Seca, cujas iniciais dão nome ao lugar. Com o crescimento desordenado da população do Distrito Federal nos últimos anos, a vila passou a ser endereço de imigrantes que chegam à cidade. Sem emprego para todos, muitos moradores da vila encontraram na reciclagem do lixo uma forma de renda. Como é comum neste tipo de situação, marginais se misturam entre as pessoas de bem que vive no local, o que cria a má fama da vila Dnocs.
No ato de entrega da nova casa, cada morador vai receber do GDF um termo de concessão. Documento que dá direito ao uso, mas não permite a venda durante os próximos dez anos. Após esse período será entregue a escritura definitiva do imóvel.