Um projeto de lei na Câmara Legislativa prevê a reserva de vagões para mulheres nos horários considerados de maior movimento no Metrô do DF, das 6h às 9h e das 17h às 20h. O PL n° 877/2008 permite que as usuárias também viajem nos outros vagões, junto com homens e determina ainda que a reserva de vagas não ocorra aos sábados, domingos e feriados.
O objetivo é proteger as mulheres contra eventuais casos de assédio. Segundo o autor do projeto, deputado AlÃrio Neto, algumas mulheres foram ao gabinete queixar-se de abusos ocorridos no metrô. ;A intenção é que elas possam ir ao trabalho e passear sem ter constrangimento;, afirma o deputado.
Evely Julião, auxiliar de escritório, usa o metrô diariamente e aprova a proposta de uma vagão exclusivo. ;Eu sofro com isso. Quando se está em pé no metrô, tem gente que passa enroscando;, afirma a auxiliar.
Para ser aprovado, o projeto ainda precisa passar pelas comissões de Assuntos Sociais (CAS) e de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Ele já tem parecer favorável do relator, o deputado Milton Barbosa, e ainda será apreciado pelos deputados membros da CAS. AlÃrio Neto informou que o projeto tem prioridade e deve ser votado em plenário até o final do ano.
Ideia polêmica
Nem todos os usuários são favoráveis à mudança. Valmir Neres, auxiliar de topógrafo, utiliza o metrô regularmente e é contra o espaço exclusivo. ;Por que separar as mulheres? Nem todo homem é aproveitador;, afirma Neres. A psicopedagoga Regina do Nascimento também desaprova a proposta. ;Sou contra a separação por sexo. A solução para o metrô é aumentar a quantidade de trens;, afirma a usuária.
A direção do Metrô-DF informou, por meio da assessoria de imprensa, que é contrária ao projeto. ;Consideramos a proposta desnecessária, pois não há registro de mulheres assediadas ou constrangidas. O custo operacional é alto e precisaria de uma equipe grande para a separação e fiscalização.; A companhia afirma que seguirá a lei, caso seja aprovada.
A promotora de Justiça LaÃs Cerqueira, coordenadora do Núcleo de Gênero Pró-Mulher, afirma que o assédio contra mulheres no metrô e nos ônibus ocorre, mas poucas ocorrências são registradas. ;Acontecem muitos casos, mas as mulheres não registram por se sentirem constrangidas;. As pessoas desconhecem o fato de o assédio no transporte coletivo ser crime. ;O cidadão que molesta uma mulher no metrô pratica crime que pode ser considerado atentado violento ao pudor ou ato obsceno;, completa a promotora.
Confira as opiniões de usuários do metrô
Bombeiro Militar Adriana Moreira