Médicos, enfermeiros, dentistas, técnicos administrativos, motoristas e assistentes sociais da rede pública de saúde do DF vão poder trabalhar dobrado ; e, consequentemente, ganhar mais. Com isso, ajudarão a melhorar o atendimento aos brasilienses. A proposta do governo local é que cada hospital avalie a quantidade de profissionais necessários para não deixar brechas na escala e, então, passar a jornada de 20 horas semanais para 40 horas. As primeiras autorizações foram concedidas ontem a 88 servidores do Hospital Regional do Paranoá (HRPa). ;É o mesmo que contratar 88 funcionários;, disse o secretário de Saúde, Augusto Carvalho.
Amanhã, 104 profissionais terão a carga de trabalho dobrada na unidade de Brazlândia. Em seguida, serão concedidas 204 autorizações para o Hospital Regional de Planaltina. Com isso, pelo menos 396 profissionais da área vão reforçar o atendimento. Taguatinga e Gama serão os próximos a receber as autorizações. A meta da secretaria é atingir todas as unidades até junho. Com a carga de trabalho duplicada, o salário aumenta na mesma proporção.
Apesar de ser um reivindicação antiga da categoria, a adesão dos profissionais não é obrigatória. ;Mas é bom para o funcionário e para o paciente. O médico não precisará ter dois ou mais empregos e gastar tempo em deslocamentos. Agora, ele se dedicará a uma unidade e receberá por isso;, explicou o secretário de Saúde.
Folha de pagamento
Como os hospitais ainda estão preparando as listas com a quantidade de servidores necessários para atender a demanda, ainda não há números fechados de quantos terão a jornada duplicada. Mas o subsecretário de Recursos Humanos, João Luiz Arantes, acredita que o impacto na folha de pagamento deverá ser de até R$ 1,5 milhão ao mês.
No HRPa, dos cerca de 600 funcionários, 250 já trabalham 40 horas por semana. Dos 88 que receberam o aval ontem, 12 são médicos, 19 enfermeiros, cinco técnicos administrativos, 43 técnicos de enfermagem, quatro motoristas, dois assistentes sociais, um dentista e dois técnicos em higiene dental. ;Precisamos reforçar a atividade-fim, que são médicos e dentistas, mas também a atividade-meio. Os técnicos administrativos preenchem as fichas e os motoristas dirigem as ambulâncias. É preciso a união de todos;, exemplificou Arantes.
O presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Brasília (SindSaúde), Agamenon Torres, elogia a medida: ;Com o servidor mais tempo na unidade, haverá continuidade do trabalho e maior assistência ao paciente;.
Mas, segundo o presidente do Sindicato dos Médicos, Gutemberg Fialho, nem todos os problemas serão eliminados. ;O salário do médico ainda é baixo. E isso não vai atrair tantos prosionais. Precisamos de salários melhores e de boas condições de trabalho.; Hoje, um médico na rede pública do DF recebe cerca de R$ 3,6 mil por mês para 20 horas semanais. Um enfermeiro, R$ 2,2 mil para o mesmo período.