O movimento contrário à derrubada de árvores na área verde da superquadra 409/410 Norte, para a construção de uma quadra poliesportiva, conseguiu uma importante apoio. O Instituto de Patrimônio Histórico e ArtÃstico Nacional (Iphan) considerou irregular a obra, que derrubou pelo menos cinco árvores que formavam, há 30 anos, um jardim de paineiras no local. A obra foi paralisada pela Administração de BrasÃlia em fevereiro depois de uma série de manifestações dos moradores contra a derrubada de duas árvores.
O superintendente do Iphan-DF, Alfredo Gastal, irá encaminhar nesta tarde um ofÃcio, em resposta à consulta feita pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), determinando que a obra seja submetida à nova análise. O documento também deve pedir o replantio de árvores no lugar. Os exemplares deverão ser de médio porte e da mesma espécie dos que foram derrubados.
"Nós não concordamos com derrubada de árvores. Esse é o primeiro ponto. Além disso, em qualquer projeto a ser instalado na área tombada, o Iphan tem de ser ouvido. A área verde é parte integrante do tombamento", explica Gastal.
A notÃcia foi comemorada por moradores, que travaram nos dois últimos meses uma verdadeira batalha contra a derrubada do bosque. "O melhor disso tudo é o exercÃcio da cidadania, as pessoas estão aprendendo a exercer. Aqui foi instalado uma coisa que não foi consultada. Os moradores se uniram pela preservação do espaço e, com isso, passaram a se conhecer melhor", diz a professora aposentada Maria do Carmo Queiróz de Oliveira, 50 anos.
Maria do Carmo é uma das organizadoras do grito ecológico, realizado no dia 21 de março, e do café comunitário, que reuniu moradores das duas quadras no último domingo. Desde que as árvores foram derrubadas, no dia 18 de fevereiro, manifestações espontâneas começaram a surgir por parte de moradores, com direito a manifestações e exposição de fotos das paineiras floridas. Até um blog foi criado para unificar e divulgar os eventos ecológicos. É o http://410e409norte.wordpress.com .
O outro lado
Com a polêmica instalada, os habitantes das quadras que aprovam a construção da quadra também tomaram partido. Um grupo liderado pela prefeitura comunitária da 410 procurou a Administração de BrasÃlia, distribuiu panfletos e chegou a marcar uma consulta pública. A votação seria realizada no último domingo, mas foi suspensa.
Segundo o prefeito comunitário da 410, Gilberto Torres Laurindo, a quadra poliesportiva é uma antiga reivindicação da comunidade e serviria também para a prática de educação fÃsica dos alunos da Escola Classe 409, já que o colégio é pequeno e não tem espaço para abrigar a obra. "As crianças seriam as principais beneficiadas", argumenta o prefeito.
Autorizada em dezembro de 2007, numa ação do Governo nas Cidades com a comunidade, a construção da quadra, orçada em R$ 86 mil, teve inÃcio em fevereiro deste ano com a limpeza do terreno. Cinco paineiras foram derrubadas. As barrigudas, como são popularmente conhecidas, estavam no jardim há três décadas. Em protesto contra o corte de árvores, um grupo de pessoas ficou acampado um dia inteiro no gramado, e só saiu de lá porque a Secretaria de Obras paralisou as atividades.
A Administração de BrasÃlia informou que apresentou para os moradores outras opções para a construção da quadra poliesportiva. Os moradores terão até o dia 20 para fazer uma consulta e decidirem se a quadra será ou não construÃda.