Com a continuidade da greve dos funcionários de empresas particulares que prestam serviço de limpeza, copa e conservação em órgãos federias e distritais, os frequentadores da Água Mineral estão impedidos de visitar o local desde a quinta-feira (2/4). O fato deve se estender até o fim de semana, isso porque a queda de braço entre os trabalhadores e as empresas de limpeza e conservação por aumento salarial ainda não teve fim.
Um vigilante da Água Mineral, que preferiu não se identificar, contou que cerca de 50 carros foram até o local hoje, mas não puderam entrar. Ontem, 1,5 mil pessoas também quiseram se refrescar nas piscinas do Parque Nacional de Brasília, mas foram impedidos.
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O transtorno também atinge a população que passa pela Rodoviária do Plano Piloto, Rodoferroviária de Brasília e busca atendimento em hospitais do Distrito Federal. Mesmo com baixa adesão da paralisação - cerca de 5% dos 45 mil empregados ; os funcionários fizeram mais falta em alguns lugares.
Bagunça
Assim como ontem, nesta sexta-feira o terminal da rodoviária amanheceu cheio de plástico, papéis, sacos velhos pelo chão e com as lixeiras lotadas. Para não perder a clientela, os funcionários das lanchonetes varreram as proximidades de cada box. Já os terceirizados trocaram o material de trabalho por apitos e faixas. Eles ocupam a plataforma superior, onde fazem manifestação.
O fato se repete em alguns hospitais públicos. Mesmo com a população se queixando do ocorrido, a reportagem do correiobraziliense.com esteve no Hospital Regional do Paranoá e tudo parecia calmo por lá. A diretora administrativa do centro de saúde, Roberta de Lima Portela, alegou que o plantão de ontem cobriu as pessoas que aderiram à greve e deveriam trabalhar nesta sexta-feira. "A empresa me mandou mais seis funcionários, então estou com o efetivo do dia completo", afirmou. Já no Hospital Regional de Planaltina, o caso é mais grave. A paralisação dos funcionários causa transtorno na unidade.
Alunos da CAIC Santa Paulina do Paranoá, também foram prejudicados com a greve dos terceirizados. A direção da escola alegou que com a sujeira dos banheiros foi impossível receber os 1,3 mil estudantes, ontem e nesta sexta-feira. Com isso, são dois dias sem aula.
Reivindicação
No início da manhã, cerca de 100 terceirizados ocuparam o anexo do Palácio do Buriti, em frente ao Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF), para ouvir a presidente do Sindicato dos Empregados das Empresas de Asseio e Conservação de Serviços Terceirizados (Sindserviços), Maria Isabel Caetano dos Reis. ;A ordem é continuar com os serviços parados até que se chegue a um acordo;, garantiu Maria Isabel. Segundo ela, na segunda-feira (06/04), representantes do Sindserviços terão uma audiência às 11h no Ministério Regional do Trabalho com uma procuradora, que a presidente preferiu não identificá-la. ;O mínimo que estamos pedindo é um salário descente;, completou.
Os prestadores de serviços marcaram uma passeata no fim da tarde desta sexta-feira na Esplanada dos Ministérios, na altura do Teatro Nacional. A principal reivindicação da categoria é salarial. A negociação com os patrões se arrasta desde janeiro. Os empregados lutam pelo aumento salarial em 12% e elevar o valor do tíquete de R$ 6,25 para R$ 10. No entanto, a contraproposta patronal é de aumento salarial de 8,32% e R$ 7 para o auxílio alimentação.
A categoria representa tanto terceirizados da limpeza como da área administrativa. A paralisação atinge órgãos como o Tribunal de Justiça, o Palácio do Buriti, Ministérios, a Água Mineral, Rodoviária do Plano Piloto, Rodoferroviária de Brasília, como também postos de saúde e hospitais públicos. Atualmente, em média, uma copeira ou servente, recebe R$ 436. ;Os trabalhadores da área administrativa ganham um pouco mais. Os únicos que não aderiram a greve são os funcionários do Senado Federal e da Câmara dos Deputados porque recebem 30% a mais que nós;, explicou Maria Isabel.