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Nascentes do Plano Piloto estão ameaçadas por erosões e entulho

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As nascentes do Plano Piloto estão ameaçadas por erosões crescentes e entulho. Logo na entrada do Parque Ecológico de Uso Múltiplo da Asa Sul, na 613/614 Sul, um irônico sinal de alerta. Apesar de cercado com placas de proibido jogar lixo ou entulho, bem embaixo da sinalização há pneus velhos, uma caixa com lixo e um galão de água com a boca virada para cima. Mais adiante, garrafas de vidro e sacolas plásticas contaminam a lagoa. Na nascente, o mais preocupante: uma grande erosão. Sem grama ou árvores próximas às nascentes, a enxurrada resultante dos dias de forte chuva carrega terra e toda sorte de dejetos das vias para a lagoa. A vegetação das margens é atingida e, gradativamente, destruída. O acúmulo de terra assoreia córregos e lagos. O lixo contamina a água. No parque da Asa Sul, a situação se complica porque as bocas de lobo não conseguem dar vazão ao volume de água da chuva, em parte porque não têm o tamanho adequado e em parte porque frequentemente ficam repletas de lixo urbano. Dessa forma, a água transborda e segue em direção à nascente. E o ciclo recomeça: boca de lobo ineficiente, ausência de vegetação, lixo. Tudo contra a preservação. ;As enxurradas abriram uma erosão de 12m antes da nascente. Essa erosão já tem 4m de profundidade;, lamenta o voluntário que adotou as nascentes do parque da Asa Sul e do Olhos D;água, na 412/413 Norte, o advogado Ricardo Eugênio Montalvão Coelho. No Olhos D;água, a nascente, que fica fora do parque, na entrequadra 212/213, está próxima de prédios residenciais. Foi recentemente cercada, mas já se observam sinais de vandalismo. Qualquer pessoa tem acesso ao local. ;A gente usa na hora do descanso para se banhar ou escovar os dentes;, confirmou um auxiliar de limpeza que preferiu não se identificar. Além da ausência de consciência ambiental, em tempos de chuva a água escorre das ruas carregando o que encontra pela frente e desembocando na nascente. A erosão no local aumenta a cada dia, como indicam as raízes de árvores que protegem as margens, cada vez mais expostas. Para a geógrafa e participante do Fórum de ONGs ambientalistas Mara Moscoso, a área do parque da Asa Sul está degradada. ;Em muitas partes não se vê nem ao menos grama. A água ali é mais turva do que no Parque Olhos D;água. Como fica próximo à L2 Sul, quando chove a água carrega óleo dos carros e lixo para a nascente. Se existisse vegetação próxima a ela, a área verde funcionaria como filtro. A própria raiz seguraria a água e diminuiria sua intensidade;, explica a geógrafa. Segundo ela, a diminuição da velocidade da água reduziria, também, o risco de erosão. ;A água cava a terra, causando erosão, porque não há nada que a impeça. Até a grama é importante. Caso contrário, ocorre o assoreamento, que é o acúmulo de terra na água, como acontece no Lago Paranoá;, alertou Mara. Na prática, as agressões à natureza causam a morte da vegetação e de animais que dependem dela. ;Isso além de tornar o espaço visualmente desagradável e de tornar real a possibilidade de falta de água no futuro;, disse a geógrafa. SAIBA COMO AJUDAR Faça sua parte As nascentes devem, preferencialmente, estar cercadas. Mesmo que não estejam, procure não se aproximar, principalmente com animais, ou usar a água dali para evitar contaminação Não jogue lixo na rua. Isso evita que as bocas de lobo entupam em época de chuva, o que prejudica o escoamento da água, que pode parar na nascente em forma de enxurrada, levando e arrancando o que encontra pela frente. Recomponha a vegetação nativa nas margens da nascente. Uma maneira é plantar mudas de espécies naturais da região para conservar o solo e evitar ou minimizar o assoreamento. Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense