Jornal Correio Braziliense

Cidades

Pressão nas entregas à domicílio faz com que motoboys se arrisquem no trânsito

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Um dos motivos das imprudências cometidas por motoboys nas vias do Distrito Federal é a pressão sofrida por aqueles que trabalham, principalmente, na entrega de alimentos à residência, segundo pesquisa realizada pela Universidade de Brasília (UnB). De acordo com o estudo, as infrações mais comuns são dirigir acima da velocidade, ultrapassar o sinal vermelho e andar na calçada. Em 2008, 133 motocicletas, motonetas, triciclos e ciclomotores se envolveram em acidentes fatais nas vias da capital federal, revela dados do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF). Até janeiro deste ano, o número já é de 13. Para os motoboys que trabalham em restaurantes e lanchonetes a agilidade nas pistas é fundamental para manter o emprego. A promessa das lojas em entregar os produtos em 30 minutos, do contrário o cliente não paga pelo pedido, é a principal vilã. De acordo com o pesquisador Raphael Henrique Matos, a cozinha tem 15 minutos para preparar o alimento e o motociclista os 15 minutos restantes para fazer as entregas. Seja debaixo de suja, engarrafamentos, entre outros fatores. Se perderem a entrega, eles pagam do bolso. Em sua pesquisa, Matos também afirmou que os entrevistados justificam o risco no trânsito pela necessidade em sustentar a casa. Dos 144 motoqueiros entrevistados, 49,3% ganham entre R$ 401 e R$ 800. O salário pode chegar ainda a R$ 1,2 mil, isso porque eles recebem por comissão. Por cada entrega, em média, o valor pago é de R$ 1,80. As comissões podem representar até 70% dos salários. Segundo o estudo, o valor é considerado suficiente por apenas 36,7%. Os outros 63,3% dizem ser insuficiente ou suficiente às vezes. Devido a dificuldade, 22,2% dos motoboys tem outra atividade para complementar os rendimentos. Como trabalham As condições de trabalho também é uma forte influência para os delitos, segundo apontou o pesquisador. 90,3% dos motoboys utilizam a própria moto para fazer as entregas, 10,4% fazem mais de 20 encomendas por dia e 58,3% percorrem entre 101 km a 200 km por hora. A jornada de trabalho costumam ultrapassar 8 horas diárias. Mortes no trânsito O Sindicato de Motociclistas Profissionais do Distrito Federal (Sindmoto-DF), calcula que 8 mil profissionais trabalhem com entregas no Distrito Federal. Segundo a pesquisa, dados do Detran-DF revelam que 19,3% das mortes fatais registradas em 2008 foram de motociclistas, atrás apenas dos pedestres, que correspondem a 34,5%.