Jornal Correio Braziliense

Cidades

Avenida Hélio Prates encabeça o ranking de acidentes fatais

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A Avenida Hélio Prates, em Ceilândia, não para. Seja de dia ou de noite, carros, ônibus, caminhões, motos e pedestres disputam espaço na principal via da cidade, por onde passam 40 mil veículos todos os dias. Com o grande movimento, não é difícil flagrar imprudência no local. Veículos trafegam em alta velocidade; ônibus mudam de faixa sem sinalizar e fecham os outros automóveis; pedestres atravessam a rua no meio dos carros, colocando a própria vida em risco e ameaçando causar acidentes. A rotina da Hélio Prates lhe confere um trágico título: o de campeã de acidentes com mortes entre as vias urbanas do Distrito Federal. O Departamento de Trânsito do DF (Detran) mapeou os acidentes ocorridos em 2008 por avenidas urbanas, rodovias locais e federais. As estatísticas mostram que batidas e atropelamentos em vias dentro das cidades do DF cresceram 10,5% em 2008, quando comparado ao mesmo período de 2007 (168 contra 152). Entre as 192 ruas espalhadas pelas cidades do DF, a Hélio Prates se destaca, com nove acidentes fatais ; sete deles dentro de Ceilândia (a via também passa por Taguatinga). Logo em seguida, aparecem a Avenida Recanto das Emas, com seis acidentes com morte, e as avenidas Comercial Norte e Elmo Serejo, ambas em Taguatinga, com quatro ocorrências cada (veja quadro). Quem passa pela Hélio Prates sabe que a via é perigosa. César Soares, 20 anos, trabalha há quatro meses em uma loja de roupas às margens da Hélio Prates e escuta barulho de freadas bruscas e batidas todos os dias. ;A rua é muito movimentada e o pessoal só anda correndo;, conta. Para o comerciante Antônio Terêncio Martins, 37, os maiores causadores de acidentes são os pedestres. ;Eles chegam na faixa e entram de uma vez;, diz. O publicitário Dejair dos Santos, 31, circula pela Hélio Prates o dia todo e afirma que a maioria das batidas é causada por imprudência. ;O asfalto da rua é bom, mas os motoristas vão mudar de faixa e não sinalizam, avançam sinal e andam em alta velocidade;, diz. O gerente de Fiscalização do Detran, Silvaim Fonseca, afirma que o órgão está atento aos acidentes ocorridos em cada via. Segundo ele, boa parte dos 1.062.984 de veículos da frota do DF circula por Taguatinga e Ceilândia e, por isso, os agentes têm dado uma atenção especial às principais vias das cidades. ;A Hélio Prates tem um grande fluxo de veículos. À meia-noite de um dia de semana, o movimento é o mesmo que o de meio-dia. A atividade comercial ao longo da via é intensa, muitos bares funcionam nas extremidades, os pedestres atravessam fora da faixa;, afirma Fonseca. ;A Comercial também é problemática. No futuro, ela terá que ser transformada em mão única, em sentido contrário ao da Samdu;, completa. Rodovias O levantamento do Detran também inclui as cinco rodovias federais que cortam o DF e a liderança entre elas ficou com a BR-020 (saída para Formosa). A rodovia foi responsável por mais da metade dos acidentes com mortes no ano passado. Em 2008, ocorreram 70 batidas, capotagens e atropelamentos fatais em BRs e 36 deles (51,4%) foram na 020. Em 2007, ocorreram mais acidentes no local (40), mas eles representavam um número menor entre o total de ocorrências em rodovias (43%). Em todas as rodovias que passam pelo DF, ocorreram 70 acidentes fatais em 2008, 23,9% a menos que em 2007 (92). O chefe da Comunicação Social da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no DF, inspetor Dalvimar Lucas Barbosa, diz que a BR-020 é campeã de acidentes com mortes por causa da ocupação urbana às margens da rodovia. ;O trecho mais perigoso dela fica entre Sobradinho e Planaltina, porque muitos condomínios foram criados na beira da rodovia e as pessoas atravessam fora das passarelas;, justifica. O inspetor também atribui a alta velocidade como causadora de muitos acidentes. ;As condições do asfalto são excelentes e as pessoas circulam em alta velocidade. É muito comum ocorrer ali batidas seguidas de capotagem e saídas da pista, o que é típico de alta velocidade.; Transitar pelas rodovias locais, as DFs, também é motivo de preocupação. Os acidentes com morte nas vias de jurisdição do Departamento de Estrada de Rodagem (DER) se mantiveram estáveis em 2008 (foram 178 ocorrências fatais), mas respondem por quase metade das mortes no trânsito. Das 416 batidas, capotagens e atropelamentos ocorridos no DF em 2008, 178 foram em rodovias locais (42%). A campeã de acidentes entre as DFs é a DF-001, a Estrada Parque Contorno, onde ontem, por volta das 12h30, um caminhão, placa CGO 5832 (GO), e um Gol, placa JHC 7085 (DF), colidiram. Segundo a Polícia Militar, o motorista do caminhão, Antônio Marcos de Souza Cruz, ia fazer uma curva quando perdeu o controle e entrou na contramão, acertando o carro. Chovia na hora do acidente, que ocorreu perto da Barragem do Paranoá. O Corpo de Bombeiros teve trabalho para retirar os dois veículos, que caíram na ribanceira. Ninguém se feriu gravemente.