Com a greve dos policiais civis de Goiás, as delegacias do Entorno de Brasília só registam, desde a manhã desta segunda-feira (23/03), os flagrantes feitos pela Polícia Militar e crimes considerados hediondos. As unidades só atendem com 30% do efetivo, segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Goiás (Sinpol-GO), Silveira Alves de Moura.
A paralisação, por tempo indeterminado, foi decidida em assembléia no último dia 17, com a presença de cerca de 500 pessoas. A principal reivindicação é o reajuste anual referente aos anos de 2005 a 2009. O salário do policial civil em Goiás é de R$ 2.711. Com o reajuste acumulado, pularia para em torno de R$ 4 mil.
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Além do problema de reposição salarial, agentes do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops) de Novo Gama e Valparaíso, que não quiseram ser identificados, reclamam ainda da falta de estrutura. Um deles conta que o carro utilizado na unidade é alugado e não tem nenhuma adaptação para o trabalho policial. "Não temos rádio de comunicação, grade de segurança para transportar os detidos e nem giroflex (luz que fica sobre os carros de polícia)", explica.
O presidente do Sinpol fala ainda da falta de efetivo nas delegacias. De acordo com ele, há uma defasagem de três mil policiais, entre agentes, delegados e escrivães. "Com isso, agentes e escrivães estão fazendo o trabalho do delegado, o que torna nulo autos de prisão", denuncia.
Segundo Silveira, a categoria tenta negociar com o governo há mais de um ano. "Nas três reuniões que tivemos este ano, eles negaram o reajuste", afirmou. Policiais estão reunidos neste momento no pátio do Complexo das Delegacias Especializadas, em Goiânia.
Além de Novo Gama e Valparaíso, as principais cidades do Entorno afetadas pela greve são Águas Lindas, Cidade Ocidental, Formosa, Luziânia, Planaltina de Goiás, Santo Antônio de Descoberto, Alexânia, Cristalina e Padre Bernardo.