Após três meses de recesso, a Universidade de Brasília retoma suas atividades, nesta segunda-feira (16/3). Os quatro câmpus da instituição recebem mais de 30 mil estudantes com uma programação que inclui eventos culturais, esportivos, políticos, de conservação ambiental e de apoio a comunidades carentes. Trata-se do projeto Ocupe a UnB. Estudantes tiveram que enfrentar problemas como falta de aula e reforma no Restaurante Universitário, que só reabre parcialmente na próxima semana.
Os calouros lotaram a sala da disciplina de Introdução à Economia nesta manhã, para o primeiro dia de aula. Mas, para a decepção geral, foram dispensados sob a justificativa da falta de quadro negro e cadeiras. "Bem diferente do que eu imaginava. A gente vem preparado para a aula, chega aqui e quebra a cara", lamenta Guilherme Fragoso Carneiro, aluno de Ciências Sociais.
Em tom bem mais indignado, o estudante Jonathas Rafael Teixeira dos Santos, outro estudante de Ciências Sociais, desabafou: "Depois de anos de estudos, eu chego aqui e vejo o professor sentar na mesa e dizer que não vai ter aula". O docente de Introdução à Economia do curso, Daniel Ferreira, justificou o imprevisto. "A gente não tem uma boa infra-estrutura. Está faltando quadro negro e algumas carteiras, então a gente resolveu deixar o início das aulas para quarta-feira", disse.
Já a estudante de Artes Plásticas Samanta Sobreiro minimizou o problema. "Não vou deixar a falta de aula atrapalhar meu objetivo principal de estudar na UnB, de me encontrar", disse a caloura animada. A opinião é compartilhada pelo colega de curso, Renato Peroto Machado. "A gente estuda tanto que acaba ficando meio emocionado por estar aqui neste momento", comemorou o aluno, que aproveitou a manhã para conhecer melhor o campus Darcy Ribeiro.
Calouro do curso de História, Vitor Ribeiro Dias, também aproveitou para passear e encontrar conhecidos. "Cheguei aqui cedo e minha aula será só às 10h. Vou esperar para ver se vai ter alguma coisa", falou o rapaz, animado por estudar na mesma faculdade que onde a mãe se formou.
Ocupação
Transformar a palavra de ordem do movimento, realizado pelos estudantes em abril de 2008, em um convite para que todos os espaços da universidade -- os físicos, os de produção científica e os de participação política. Esse é o objetivo do projeto Ocupe a UnB, lançado em 9 de março, com a recepção feita aos calouros.
"Os estudantes dão vida ao campus. Estamos incentivando o compromisso deles com o futuro da universidade", afirma o reitor José Geraldo Sousa Jr. As atividades vão até o final do mês e estão abertas à participação de toda comunidade.
47 anos
Um dos destaques da programação são os eventos que contam a história da UnB. Alunos, professores e funcionários poderão participar da Trilha Interpretativa, uma caminhada cultural pelo campus Darcy Ribeiro, ou assistir a documentários sobre a instituição, que completa 47 anos em 2009.
O projeto Ocupe a UnB valoriza a proposta de Darcy Ribeiro e Anísio Teixeira de transformar a universidade em um centro de pensamento crítico e de produção científica. ;Nossa proposta é que o aluno tome o espaço da UnB para si, de uma maneira criativa, produtiva, pacífica e afetiva;, resume o reitor. A Aula da Inquietação, a ser realizada em 31 de março, no Teatro de Arena, fecha o projeto. Os convidados desse encontro especial são o teólogo Leonardo Boff e o rapper Gog. Veja programação completa no hot site www.unb.br/ocupe.
RU fechado
O Restaurante Universitário da Universidade de Brasília estará fechado na primeira semana de aula ; entre 16 e 20 de março de 2009. O espaço passa por reforma nas cozinhas, nos banheiros, parte elétrica e encanamento. A partir da próxima segunda-feira (23/3), voltarão a funcionar, na hora do almoço, quatro refeitórios de um total de seis. No entanto, a alimentação servida será de uma empresa contratada por licitação. O atendimento deve ser normalizado apenas em 6 de maio, quando está prevista a entrega da obra.
"Contamos com a paciência da comunidade acadêmica no período em que o restaurante estará fechado. Mas a reforma foi necessária e vai melhorar as condições de atendimento da unidade", afirma a decana de Assuntos Comunitários, Rachel Nunes. O valor da refeição no RU é R$ 2,50. Alunos de baixa renda ganham desconto e alguns chegam a pagar apenas R$ 0,50. O atendimento diário varia entre 3,5 mil e 4 mil pessoas, no almoço, e entre 800 e 1 mil, no jantar.
;Não tinha como adiar a reforma, o nível de degradação do restaurante era evidente;, destaca o prefeito do Campus, Silvano Pereira. De acordo com a diretora do RU, Cristiane, que assumiu a unidade em novembro, a cozinha apresentava risco de contaminação e acidentes devido à precariedade da estrutura física. ;Ou fazíamos as obras ou corríamos o risco de parar no meio do semestre sem previsão de volta;, diz. A reforma, segundo ela, será fundamental para adequar o restaurante às exigências da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
As obras começaram em janeiro de 2009 e a previsão da Prefeitura do Campus era reabrir quatro refeitórios no primeiro dia de aula. O atraso deve-se a greve de oito dias dos servidores terceirizados, que não receberam o salário de janeiro da empresa ZL Ambiental. ;A nossa mão-de-obra reduziu em 70% nesse período;, afirma Silvano Pereira. Segundo ele, pouco mais de 100 funcionários da unidade trabalham na reforma.