Jornal Correio Braziliense

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Acusado de nova fraude em concurso, Ortiz está foragido

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A Polícia Federal está a procura de Hélio Garcia Ortiz, apontado desde 2005 como líder da chamada máfia dos concursos. Investigadores da PF acreditam que ele esteja envolvido em mais um esquema de fraude. Dessa vez, o alvo foi a seleção para o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), realizada no mês passado. Com um mandado de prisão em mãos, os agentes foram até a casa do acusado, no Guará, na manhã desta quarta-feira (4/03), mas ele não estava. Os federais passaram cerca de oito horas no local e saíram de lá por volta das 9h30, com vários documentos apreendidos. "A operação é o desdobramento da tentativa de fraude de um candidato no concurso do Depen. Tudo leva a crer que quem intermediou o esquema foi o Ortiz", disse o superintendete da PF no DF, Disney Rosseti. Como não foi encontrado, Ortiz passa a ser considerado como foragido da Justiça. A investigação da PF teve início com a prisão de dois homens que tentaram fraudar o concurso do Depen, no dia 15 de fevereiro. Um professor de matemática de Goiânia (GO) foi flagrado quando fazia as provas objetivas no lugar de um comerciante de Taguatinga (DF), inscrito no processo seletivo. O flagrante aconteceu na na sede da Universidade Paulista (Unip), que funciona na 714 Sul, em Brasília. A Funrio, organizadora do certame, recebeu na última semana uma denúncia anônima sobre a fraude e acionou a Polícia Federal, que esperou a concretização do crime para agir. O golpe consistia em utilizar uma carteira de motorista falsa, com os dados do comerciante e a foto do professor. Os acusados respondem pelos crimes de falsidade ideológica, uso de documento falso e tentativa de estelionato. Fraude em pelo menos 12 concursos Ex-funcionário do Tribunal de Justiça do DF, Hélio Ortiz é apontado em investigação da Polícia Civil como líder do maior esquema de fraudes em concursos públicos do País. A prática criminosa beneficiou centenas de pessoas, inclusive familiares de Ortiz, que admitiu em depoimento à polícia ter participação na aprovação ilegal de candidatos desde1981, inclusive em provas de vestibulares. Ortiz acabou demitido do TJDF em novembro de 2006, por unanimidade, durante sessão administrativa do tribunal. Após vários meses de investigação, a Polícia Civil cumpriu mais de 100 mandatos de prisão expedidos pelo Tribunal de Justiça do DF, em maio de 2006. Entre as prisões realizadas, 48 ocorreram no DF e nove em Mato Grosso, a maioria em locais onde se realizava concurso público para agente penitenciário federal, elaborado pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe-UnB). Conhecida como Operação Galileu, a investigação da Divisão de Combate ao Crime Organizado (Deco) começou durante o processo seletivo da Polícia Civil. Era para ser um trabalho de prevenção, mas os agentes da Deco descobriram uma rede de profissionais especializada em fraudes de concursos organizados por diversas entidades, principalmente o Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe). Os policiais coletaram provas de que pelo menos 12 concursos foram fraudados pela quadrilha. Entre os acusados de participar do bando estavam 17 funcionários do Tribunal de Justiça do DF, oficiais de alta patente da Polícia Militar do DF e de Goiás e agentes da própria Polícia Civil brasiliense, além de outros órgãos do Poder Executivo. A investigação apontou Hélio Ortiz, então funcionário do TJDF, como líder do bando.