Acusado em 2005 de ser o líder da máfia dos concursos, Hélio Garcia Ortiz voltou a ser alvo de investigação na manhã desta quarta-feira (4/03). Agentes da Polícia Federal do DF passaram cerca de oito horas na casa da família de Ortiz, no Guará, de onde saíram por volta das 9h30 levando diversos papéis. Ortiz não estava no local no momento da operação. O motivo das apreensões não foram divulgados pela PF.
O ex-funcionário do Tribunal de Justiça do DF é apontado em investigação da Polícia Civil como líder do maior esquema de fraudes em concursos públicos do País. A prática criminosa beneficiou centenas de pessoas, inclusive familiares de Ortiz, que admitiu em depoimento à polícia ter participação na aprovação ilegal de candidatos desde1981, inclusive em provas de vestibulares. Ortiz acabou demitido do TJDF em novembro de 2006, por unanimidade, durante sessão administrativa do tribunal.
Fraude em pelo menos 12 concursos
Após vários meses de investigação, a Polícia Civil do Distrito Federal cumpriu mais de 100 mandatos de prisão expedidos pelo Tribunal de Justiça do DF, em maio de 2006. Entre as prisões realizadas, 48 ocorreram no DF e nove em Mato Grosso, a maioria em locais onde se realizava concurso público para agente penitenciário federal, elaborado pelo Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe-UnB). Conhecida como Operação Galileu, a investigação da Divisão de Combate ao Crime Organizado (Deco) começou durante o processo seletivo da Polícia Civil. Era para ser um trabalho de prevenção, mas os agentes da Deco descobriram uma rede de profissionais especializada em fraudes de concursos organizados por diversas entidades, principalmente o Centro de Seleção e Promoção de Eventos (Cespe).
Os policiais coletaram provas de que pelo menos 12 concursos foram fraudados pela quadrilha. Entre os acusados de participar do bando estavam 17 funcionários do Tribunal de Justiça do DF, oficiais de alta patente da Polícia Militar do DF e de Goiás e agentes da própria Polícia Civil brasiliense, além de outros órgãos do Poder Executivo. A investigação apontou Hélio Ortiz, então funcionário do TJDF, como líder do bando.