Jornal Correio Braziliense

Cidades

Nas quatro primeiras noites de folia, 96 foram multados por infringirem a lei seca

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O rigor da fiscalização no trânsito durante o carnaval deu resultado. Balanço preliminar da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Departamento de Trânsito (Detran) mostra que, até o fim da tarde de ontem, ocorreram apenas três acidentes com mortes nas vias urbanas e rodovias que cortam o Distrito Federal ; cada um deles com uma morte. O baixo número de ocorrências é creditado ao carnaval do bafômetro, que apertou o cerco aos motoristas que insistem na perigosa mistura de álcool e direção. Nas quatro primeiras noites de folia, 96 brasilienses foram multados (por Detran, PRF e PM) por infringirem a lei seca. De cada 10 motoristas parados em blitzes, quatro acabaram reprovados no teste do bafômetro. Por enquanto, o número de mortes ocorridas no trânsito este ano foi menor que o do ano passado. Em 2008, dois acidentes fatais foram registrados só nas vias urbanas. Nas rodovias federais que passam pelo DF, foram três mortos. Em 2009, os três acidentes ocorreram no sábado. O primeiro deles foi na Estrada Parque Indústrias Gráficas (Epig), uma rodovia local. Por volta da 0h30, o motociclista Joab Dantas, 33, bateu em um poste na altura do Instituto Médico Legal (IML) e não resistiu aos ferimentos. Não há relatos de outro carro envolvido e a ocorrência foi registrada como autolesão. Ou seja, Joab teria perdido o controle da moto, uma CG 125 Titan e, por isso, bateu no meio-fio e se chocou contra o poste. Por volta das 7h, uma colisão envolvendo um Palio e uma F-1000 na BR-020 matou Ana Paula Santana Pereira, 18, e deixou seis pessoas feridas. A batida ocorreu na altura do Km 40, em Goiás. Os dois carros seguiam no sentido Formosa ; Bahia. Ana Paula estava no Palio com mais quatro pessoas, foi encaminhada ao hospital, mas morreu antes de chegar à unidade de saúde. De acordo com a Polícia Rodoviária Federal, a batida ocorreu durante uma ultrapassagem e o impacto fez os dois veículos capotarem. O terceiro acidente do carnaval foi no Setor de Indústrias de Taguatinga. O carregador de uma empresa de alimentos José Pereira da Silva, 40, foi atingido por uma Kombi, conduzida por Samuel Souza, 37, quando saía de casa, na QI 25. O motorista prestou socorro, mas José não resistiu aos ferimentos. ;Foi a única ocorrência em via urbana e foi uma fatalidade. O cidadão saiu de casa e entrou na via sem olhar para os lados;, disse o chefe do Núcleo de Policiamento e Fiscalização do Detran, Francisco Saraiva. Lei seca Os agentes do Detran estiveram empenhados em flagrar motoristas dirigindo sob efeito do álcool antes que eles se envolvessem em acidentes. A cada dia do feriado de carnaval, 40 homens se dividiram pelos diferentes pontos de concentração de foliões no DF para impedir que quem tivesse bebido assumisse o volante. ;Como nosso efetivo é pequeno, optamos por fazer uma fiscalização itinerante. Cada viatura que estava em um ponto de bloqueio por causa das festas montava uma pequena blitz no local;, explicou Saraiva. Da noite de sexta-feira ao início da manhã de ontem, o Detran flagrou 17 motoristas alcoolizados. Um deles foi pego por volta das 8h30 de ontem, enquanto passava perto do Gran Folia. Ele dirigia em alta velocidade e os agentes desconfiaram que o condutor poderia estar bêbado. Ao submeterem o motorista ao teste do bafômetro, tiveram a confirmação de que ele havia bebido. Outras quatro autuações haviam sido feitas durante a madrugada. ;O número está de acordo com nosso efetivo e demonstra que o cidadão está se conscientizando. Em outros carnavais, as autuações eram maiores, mas os acidentes também;, afirmou o chefe do Núcleo de Policiamento do Detran. A Polícia Militar dobrou o efetivo para vigiar as ruas do DF. O número de equipes do Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran) em serviço durante o carnaval foi duas vezes maior que em dias normais. Usualmente, três equipes ficam de plantão durante a noite. A fiscalização mais intensa também mostrou mais resultado: 73 condutores foram multados por dirigir sob a influência do álcool até a manhã de ontem. Cinco deles acabaram levados para a delegacia porque o bafômetro mostrou uma concentração maior que 0,3mg de álcool por litro de ar expelido dos pulmões, o que caracteriza crime. Os militares trabalharam cerca de 10 horas por noite e fiscalizaram entre 15 e 20 locais todos os dias. As equipes não ficavam mais do que duas horas e meia em cada ponto, para poderem dar cobertura ao maior número de locais possível. A PM realizou 163 testes do bafômetro e reprovou 44% dos condutores abordados. ;O ideal seria que todos passassem, mas a quantidade de pessoas que não haviam bebido é significativa. Nosso objetivo foi fazer um policiamento preventivo. Montamos blitzes bem sinalizadas em locais visíveis. Na ida, o folião já sabia que ali tinha fiscalização e ficava desestimulado a beber;, contou o comandante do BRTran, coronel José Ricardo Cintra. Alerta nos postos da PRF As estradas do DF e do Entorno também foram vigiadas durante o carnaval. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) fez blitzes para flagrar motoristas embriagados. Somente nas noites de domingo e segunda-feira, 70 testes de bafômetro foram feitos e seis pessoas acabaram multadas por infringir a lei seca ; quatro dessas pararam na delegacia. ;Não tivemos barreiras em pontos fixos, ficamos em alerta em todos os postos. A operação carnaval só acaba amanhã (hoje) e os policiais estarão a postos para manterem os índices em apenas uma morte;, disse o inspetor Dalvimar Lucas Barbosa, chefe de comunicação social da PRF-DF. O balanço das ocorrências durante o carnaval da PRF será divulgado amanhã. Se a fiscalização está a postos nas estradas, nos municípios do Entorno é diferente. O Correio conversou ontem com os responsáveis pelos batalhões de duas cidades que ficaram cheias durante o carnaval, Pirenópolis e Cristalina, e apurou que nenhuma ocorrência de desrespeito à lei seca foi registrada nos dias de folia. Em Pirenópolis, há relatos de que não havia agentes cuidando do trânsito e que motoristas alcoolizados assumiam o volante sem serem incomodados. O subtenente Marcelo Araújo Fontinele, responsável pela 18ª Companhia Independente de Polícia Militar de Pirenópolis, explicou que o objetivo do policiamento no município que reuniu 20 mil pessoas neste carnaval era reduzir a criminalidade. ;Nossas barreiras estão direcionadas para a segurança pública. As cidades vizinhas estão fechando o cerco e os marginais estão migrando para o interior;, justificou. Pirenópolis contou com o reforço de 50 policiais de Goiânia e 15 de Anápolis, que trabalharam com os 67 efetivos da localidade. A fiscalização da lei seca foi feita em conjunto com a Polícia Rodoviária de Goiás. Em Cristalina, que reuniu 15 mil foliões por noite, o batalhão local não montou nenhuma blitz específica para reprimir o uso de álcool por motoristas. ;Falta empenho dos policiais porque a central de flagrantes fica em Luziânia e temos que levar todos os presos para lá;, admitiu o sargento Miguel Batista da 32ª Companhia Independente de Polícia Militar. (GR)