O homem que manteve uma senhora de 60 anos refém durante mais de 10 horas em Samambaia tem uma vasta ficha criminal. O sequestro é o sexto processo que Bejamiro Emídio de Jesus, 42 anos, vai responder na Justiça. Entre 1993 e 2005, ele cometeu cinco crimes, entre eles um roubo qualificado e um homicídio. Foi condenado por assassinar um policial militar há 14 anos, passou dez anos preso na Papuda e estava em liberdade condicional desde abril de 2007. Agora, está detido na carceragem do Departamento de Polícia Especializada (DPE) e deve voltar ao presídio por ter quebrado a condicional. Se condenado nas penas máximas pelos crimes de sequestro, lesão corporal e ameaça, terá que ficar preso por mais quatro anos e meio.
Quando matou o policial Maurício Souza Florentino, na época com 28 anos, Bejamiro já estava preso. O militar estava de serviço na Papuda e fazia a escolta de um grupo de detentos que ia prestar depoimento no Tribunal de Justiça. Bejamiro passou mal no tribunal e a juíza mandou que os policiais o levassem ao Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Enquanto esperava o resultado de exames, Bejamiro fingiu ter uma crise e tomou a arma do PM quando ele foi socorrê-lo. ;Ele deu um tiro na altura do umbigo do meu irmão e a bala pegou a artéria aorta. Ele ficou sete horas em cirurgia e não resistiu. O Bejamiro tentou fugir, mas acabou preso;, lembrou o irmão do policial, Márcio Souza Florentino.
Desde que saiu da Papuda, Bejamiro morava com a mãe, em Céu Azul, bairro de Valparaíso, município goiano a 33km de Brasília. Mas estava em Samambaia havia uma semana. Na madrugada de sábado, ele invadiu a casa de Ana Lúcia Amador da Silva, 60 anos, na QR 413. Procurava por um dos filhos dela, Ian da Silva Chaves, 19 anos, pois acreditava que o rapaz seria o responsável por levar R$ 42 de sua carteira horas antes, durante uma festa. Ana Lúcia estava sozinha em casa e acabou ficando mais de dez horas sob a mira do revólver dele. ;Eu achei que ia morrer;, contou Ana Lúcia ao Correio ontem.
Após ser liberada pelo sequestrador, Ana Lúcia foi encaminhada para o Hospital Regional de Taguatinga (HRT), onde ficou em observação até se recuperar do choque. Ela recebeu alta na tarde de sábado mesmo e passou a noite na casa onde viveu horas de terror. Apesar do trauma, disse que dormiu bem e está pronta para voltar à rotina. ;Não estou mais tão assustada. Só tenho medo de ele voltar.;