Jornal Correio Braziliense

Cidades

DF ganha oito hospitais voltados ao ensino

;

O Distrito Federal ganhou reforço dos ministérios da Saúde e da Educação para a formação de profissionais ligados à área médica. Apenas o Hospital Universitário de Brasília (HUB) tinha a certificação para funcionar como hospital de ensino. Mas, a partir de agora, a capital terá outras oito unidades com esse perfil. Acabam de ser certificados pelo governo federal quatro hospitais da rede pública: os da Asa Sul (Hras), Asa Norte (Hran), de Base e o de Sobradinho. Outros quatro estão em processo de certificação previsto para ser concluído em abril. Os hospitais regionais de Taguatinga, Ceilândia, Paranoá e Sobradinho serão os próximos credenciados. Isso vai permitir a abertura de 4 mil vagas de estágio para estudantes de cursos como medicina, farmácia, psicologia, entre outros (leia quadro). As instituições de ensino superior, inclusive particulares, poderão se cadastrar na Secretaria de Saúde do DF para encaminhar os alunos. A exigência é que o curso tenha nota mínima (3) no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). As vagas serão abertas de forma gradual até o fim do ano e não preveem remuneração. A supervisão do estudante caberá tanto ao professor orientador da faculdade quanto a um responsável indicado pela unidade de saúde. O convênio assinado entre o governo federal e a Secretaria de Saúde vai garantir um repasse anual de pelo menos R$ 14 milhões a esses hospitais. Os recursos terão de ser investidos na melhoria de atendimento aos pacientes. Uma portaria interministerial de 2004 define os critérios para a certificação dos hospitais e garante a liberação de verbas. ;Conseguimos agora essa vitória, incluir nossos hospitais no programa federal. Vamos receber recursos extras para a saúde da capital, contribuindo na formação dos futuros profissionais do setor;, destaca o secretário de Saúde, Augusto Carvalho. A estudante Larissa Bragança, 22 anos, que cursa o 5º semestre de medicina na UnB, está tão ansiosa para fazer estágio que quase buscou um durante as férias. ;Quando entramos no curso, queremos ter contato com gente. Nestas férias quase fui para o Rio de Janeiro fazer um estágio. Essa será uma oportunidade de colocar em prática o que já sabemos para conquistar segurança no exercício da profissão.; Anne Gabriella Barreiro da Silva, 20 anos, aluna do 2º semestre de enfermagem na Faculdade JK, no Guará, espera estagiar em um dos hospitais certificados. ;Quero uma dessas vagas para ter certeza em que área atuar. Sem contar que será bom também para os hospitais ter mais pessoas ajudando no atendimento aos pacientes.; Categorias Há três categorias de hospital de ensino: os filantrópicos, os estaduais da rede pública e os universitários. Na avaliação do vice-reitor da UnB e ex-diretor do HUB, o médico João Batista de Sousa, a certificação de novos hospitais de ensino era necessária. ;Considerando o crescimento da rede de saúde e que os estudantes de graduação precisam de diferentes cenários de aprendizado, a medida amplia a oportunidade de estágios. É uma soma ao papel já desempenhado pelo HUB;, aponta ele, que também integra o Conselho de Saúde do DF. Para se tornar um hospital de ensino, a instituição deve atender uma série de exigências, como oferecer internato para alunos de medicina e estágio para pelo menos outro curso ligado à área médica, possuir biblioteca própria, núcleos de ética e pesquisa, entre outras. ;Vemos essa certificação de novos hospitais como um processo natural da Secretaria de Saúde, que já criou sua própria faculdade de medicina e agora enfermagem. Já temos uma parceria e ela só deve aumentar;, comentou o diretor da faculdade de Medicina do UnB, Paulo César de Jesus. Considerando o crescimento da rede de saúde e que os estudantes de graduação precisam de diferentes cenários de aprendizado, a medida amplia a oportunidade de estágios. Onde atuar UNIDADES JÁ CREDENCIADAS Hospital Regional da Asa Sul (Hras) Hospital Regional da Asa Norte (Hran) Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF) Hospital Regional de Sobradinho (HRS) AS PRÓXIMAS Hospital Regional de Taguatinga (HRT) Hospital Regional de Ceilândia (HRC) Hospital Regional do Paranoá (HRPa) Hospital Regional de Samambaia (HRSam) CURSOS ATENDIDOS Medicina Nutrição Fisioterapia Farmácia Psicologia Odontologia Educação Física Entrevista - Augusto Carvalho Em defesa de uma nova gestão Kleber Lima/CB/D.A Press - 5/11/08 Augusto Carvalho completa seis meses como secretário de Saúde disposto a comprar a briga que for necessária para finalmente colocar o Hospital de Santa Maria funcionando. A obra custou R$ 150 milhões aos cofres públicos. Há resistência do Ministério Público, que questiona a decisão do GDF de entregar a administração do hospital a uma organização social por considerá-la uma forma de terceirização. Quando e como o Hospital de Santa Maria vai iniciar o atendimento à população? Até o fim de abril. Será administrado por uma organização social, isso não é terceirizar. É um novo modelo de gestão que garantirá mais eficiência ao atendimento. Já é uma experiência de sucesso em São Paulo. Estamos dispostos a quebrar esse paradigma de administração tradicional. Não dá para um obra tão cara não estar ainda prestando o serviço que deve à comunidade. Mas o Ministério Público é contra esse modelo %u2026. Isso é avaliação de um promotor. Estamos dispostos a defender até as últimas consequências o novo modelo de gestão do Hospital de Santa Maria. Como se explica o descontrole de gastos na saúde? (Leia matéria: O ralo da Saúde) Isso aqui é um paquiderme, uma máquina lenta e pesada. É preciso informatizar, afinar sistemas de controle, desde estoque de farmácia à ocupação de leitos. Estamos estimulando os servidores a buscar a racionalidade dos gastos. Queremos economizar para poder reinvestir. Reinvestir de que forma? No Hospital de Base, por exemplo. Queremos transformá-lo em hospital modelo do SUS. Humanizar o atendimento. Definir novos critérios na triagem como distribuir os pacientes por nível de risco, por cores nas cadeiras de espera. Redistribuir leitos. Enquanto uma clínica está vazia, a outra está superlotada. O problema na saúde no DF então não está na falta de dinheiro, mas na má gestão? Estamos buscando todos os recursos que podemos, em todos os lugares possíveis. Fechamos 47 convênios com o Ministério da Saúde para 2009 que vão trazer R$ 160 milhões. E tenho de dizer que isso está sendo possível pela forma republicana com que o ministro (da Saúde) José Carlos Temporão age, o tratamento isonômico dado aos estados. Um paciente chegou ao Hospital do Gama em estado grave e não havia tomógrafo funcionando para fazer o exame necessário. A pessoa acabou morrendo. Por que a rede está tão sucateada? Isso não é verdade. Foi uma infelicidade o aparelho não estar funcionando naquele momento. O exame não mudaria a gravidade da lesão. Não se pode dizer que, se o tomógrafo não estivesse quebrado, ele sobreviveria. Mas cinco aparelhos estão chegando à rede, um novo já indo para o Gama. Adquirir esses aparelhos é um processo longo de licitação.