Jornal Correio Braziliense

Cidades

Carnaval: Pirenópolis e Goiás Velho não querem saber de axé, pagode ou funk

Cidades apostam no ritmo tradicional para atrair visitantes que viajam com a família

Se você mora na capital do país, pretende viajar no carnaval mas não morre de amores pela música baiana nem por desfile de escolas de samba e quer encarar somente uma pequena distância, uma sugestão é rumar para um dos dois municípios históricos vizinhos ao Distrito Federal. Pirenópolis e Cidade de Goiás anunciam festas momescas com tolerância zero a som mecânico. Tudo em nome da preservação do patrimônio cultural e da segurança e sossego dos turistas e nativos. Copiando experiências bem-sucedidas de cidades históricas mineiras, como Ouro Preto e Mariana, as prefeituras de Pirenópolis e de Goiás Velho, cidades a 137km e 264km de Brasília, decidiram adotar as marchinhas antigas como único gênero musical dos seus carnavais deste ano. No entendimento dos organizadores, ritmos como axé-music, pagode e funk, hits nos trios elétricos e carros particulares com potentes equipamentos de som, atraem um público mais jovem, bebidas e drogas. A combinação, acreditam, aumenta os riscos de vandalismo, ameaçando os frágeis sítios históricos dos municípios tricentenários, segundo as autoridades municipais. Para garantir o isolamento dos carros com som alto, a prefeitura de Pirenópolis reforçará a segurança no centro histórico. Além dos 35 policiais militares do efetivo local, a cidade terá outros 65 remanejados de cidades vizinhas. O município contratará, ainda, 30 seguranças particulares. ;A ordem é não permitir a entrada de som mecânico no sítio histórico;, afirma o secretário de Turismo, Sérgio Rady. Durante o carnaval, 20 mil folhetos com informações sobre turismo responsável, respeito ao meio ambiente, programação e mapa de trânsito serão distribuídos aos visitantes e moradores. Centenária banda de música pirenopolina, a Phoenix puxará o desfile de blocos nas ruas do centro histórico, de sábado a terça-feira, concentrando-se depois na Rua do Rosário (conhecida como Rua do Lazer). Os blocos sairão com figurinos que retratam características culturais da cidade, como as Cavalhadas. O espaço à beira do Rio das Almas, onde jovens também costumam se aglomerar com carros de som nos fins de semana, ficará vetado a essa atividade, assim como barraquinhas de ambulantes. Sem vagas Pirenópolis adotou as marchinhas de carnaval como ritmo oficial desde 2005. Comercialmente, a estratégia tem dado certo. Para este ano, estão reservados quase todos os 2 mil leitos das 134 pousadas. ;A nossa orientação é que quem não fez sua reserva, não venha para a cidade. Vaga agora, só se houver desistência;, conta Rady, que também é dono de pousada. Com a rede hoteleira lotada, alguns casarões alugados para temporada e os campings ocupados, Pirenópolis dever receber cerca de 20 mil visitantes nos quatro dias de carnaval. É quase o mesmo número de habitantes. A expectativa também é de lucro alto no comércio local. Cada turista gasta, em média, R$ 300 por dia durante o carnaval, segundo levantamento da Secretaria Municipal de Turismo. Com isso, a festa renderia R$ 24 milhões. ;O perfil do nosso turista é família, que consome mais e não depreda o patrimônio. Por isso, a prefeitura está certa em fazer uma festa apenas com marchinhas;, apoia a presidente do Convention Bureau de Pirenópolis, Sônia Naoun, dona de um dos 32 restaurantes do município. Fechado para carros Em Goiás Velho, cidade patrimônio da humanidade, o som automotivo em alto volume é proibido por lei em qualquer época do ano na área tombada. O sítio histórico ficará fechado à circulação de automóveis nos quatro dias de carnaval. As festividades oficiais serão abertas amanhã, às 16h, com o desfile do Bloco dos Sujos, em que homens se vestem de mulher. Às 20h, haverá final de concurso de marchinhas, no Cine-teatro São Joaquim. De sábado a terça-feira, uma banda formada por policiais militares tocará músicas antigas de carnaval na Praça do Coreto, no centro. ;Esse tipo de festa atrai o turista que nos interessa, preocupado com o patrimônio histórico, que vem em família;, ressalta a secretária de Cultura e Turismo da Cidade de Goiás, Mara Públio. Para os que preferem mais agito, haverá um palco na praça de eventos do Rio Vermelho com bandas e DJs, longe da área tombada, onde ficam os casarões antigos. Diferentemente de Pirenópolis, ainda há vagas nas pousadas e hotéis de Goiás Velho. Até ontem, estavam reservados 80% dos mil leitos, segundo a Secretaria de Cultura e Turismo. O município que tem 107 bares e restaurantes, espera receber de 10 mil a 15 mil visitantes. A maioria, brasilienses, goianienses e ex-moradores. » Dê sua opinião sobre a proibição: envie um e-mail para