Jornal Correio Braziliense

Cidades

Alunos da UnB fazem festa no Itapoã durante trote solidário

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Para não repetir no DF as tristes cenas de violência contra calouros, ocorridas recentemente em instituições de ensino brasileiras, estudantes da Universidade de Brasília (UnB) se reunirão nesta terça-feira, às 19h, para definir a mobilização para o trote solidário. O encontro será no Centro Acadêmico (CA) de Pedagogia e todos os CAs da instituição foram convidados. A idéia é substituir as humilhações típicas, com banhos de farinha e ovos, às quais os novatos são submetidos, por práticas filantrópicas, como doação de sangue e prestação de serviços. O Itapoã será a comunidade que mais se beneficiará com o trote solidário da UnB, segundo o coordenador de cultura do CA de Pedagogia, Paulo Vitor do Nascimento, 21 anos. No dia 20 de março, o assentamento, um dos mais carentes do DF, será o palco de contadores de histórias, mágicos e palhaços. A criançada ainda irá se divertir a valer com pinturas no rosto e pula-pulas. As atividades lúdicas serão desenvolvidas em parceria com o projeto Universitários na Escola, da Faculdade de Educação, e do grupo Risoterapia. Aluno do segundo semestre do curso de Pedagogia, Paulo Vitor conta que ontem, após o resultado do vestibular, presenciou várias humilhações, com calouros sujos e amarrados, num barzinho próximo à Universidade. "O foco principal do trote solidário é modificar essa mentalidade", explica. Até agora, cinco centros acadêmicos confirmaram participação (Pedagogia, Ciência Política, Engenharia Florestal, Comunicação Social e Direito), mas a expectativa é que, após reunião, outras agremiações passem a integrar o movimento. Todos os CAs da UnB foram convidados. Cidadania As atividades da semana do calouro também irão incluir palestras e debates. É o trote cívico, do departamento de Ciências Políticas, que além de doação de sangue e visita a creches organiza todos os anos um passeio para os novatos no Congresso Nacional. O membro do CA do curso, Rafael Holanda, 21 anos, explica que a inovação deste ano é que as atividades que antes eram iniciativas isoladas em cada unidade acadêmica agora serão feitas de forma unificada. A iniciativa conta com apoio da reitoria. ;Além do apoio, a universidade agrega a prática à campanha de boas-vindas aos calouros, que acontece no início das aulas", explica a decana de Assuntos Comunitários, Rachel Nunes. A decana ressalta que trotes violentos não fazem parte da história estudantil da UnB. O último caso polêmico que se tem conhecimento ocorreu em 2007, quando um estudante do curso de Agronomia foi encontrado desacordado em uma parada de ônibus. O aluno tinha ingerido bebida alcoólica em excesso. Após denúncias, o CA de Agronomia ficou interditado por duas semanas. Rachel lembra que a universidade não tem controle dos atos estudantis na recepção de calouros, porque as ações partem dos próprios alunos. Mas pode intervir quando a diversão comprometer a integridade física ou psicológica dos calouros. A UnB dispõe de código disciplinar que abrange desde uma advertência até punições, como a expulsão do estudante. ;Até hoje não há registro de trotes que tenham levado à punição;, diz Rachel.