Lais Mitsue Tanaka Gonçalves, 18 anos, nem tinha terminado o ensino médio quando experimentou a sensação de ser aprovada no vestibular mais concorrido do Distrito Federal pela primeira vez. Na metade do 3º ano, passou em engenharia mecânica na Universidade de BrasÃlia (UnB) e foi liberada pela escola para fazer o curso. Mesmo com a aprovação precoce, a garota ainda não estava satisfeita. Conciliou as aulas da UnB com as do cursinho preparatório por um ano. O sonho dela era maior: queria ser médica. Ontem, mais uma vez, ela foi recompensada por tanta dedicação. Além de conquistar uma das 14 vagas oferecidas no curso desejado, Lais foi a primeira colocada geral no 1º vestibular da UnB de 2009.
De 1999 para cá, somente em duas outras oportunidades mulheres ficaram em primeiro lugar na colocação geral: no primeiro vestibular de 2002 e no primeiro de 2005. Além de Lais, 1.353 candidatos comemoraram a aprovação na universidade federal ; são 73 cursos, nos quatro câmpus da instituição (Asa Norte, Planaltina, Ceilândia e Gama). Os três primeiros lugares vão estudar medicina, o curso mais concorrido, com 132,71 candidatos por vaga. Nestor Sales Martins, 19 anos, e Thiago Henrique Modesto ficaram na segunda e terceira posição, respectivamente. As aulas começam em 16 de março, mas é preciso fazer o registro nesta semana. Ainda resta uma chance para quem não passou desta vez: a UnB divulga o resultado da 2ª chamada em 2 de março (leia calendário).
A lista de aprovados foi afixada no câmpus da Asa Norte e uma multidão de calouros fez a tradicional festa de ovos e farinha no local. Lais preferiu ver o resultado em casa, pela internet. ;Não tinha certeza se ia passar, estava meio nervosa;, justificou. Mesmo assim, ela não se livrou do trote. Amigos e familiares correram até a casa da garota, no Lago Norte, e não perderam a oportunidade de festejar. Pintaram o 1º lugar na blusa branca da jovem. ;Estou muito satisfeito de ver o esforço dela recompensado;, disse o orgulhoso pai, Carmo Gonçalves, 48 anos.
A primeira colocada no vestibular da UnB não sabe calcular quantas horas estudou por dia. Ela acordava de manhã e ia para as aulas de engenharia. À tarde, frequentava o cursinho no Galois e, depois, ainda estudava até as 22h. ;Peguei mais pesado no primeiro semestre, depois adotei um ritmo um pouco mais lento;, contou a estudante, que também passou no vestibular de medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde, ligada ao GDF.
Vocação familiar
Assim como Lais, Nestor preferiu celebrar a 2ª colocação ao lado da famÃlia. Daqui a seis anos, quando se formar, ele se tornará o quarto médico da casa. Será colega de profissão dos pais e da irmã mais velha. ;Pensei em engenharia e direito, mas decidi que queria medicina no 2º ano;, contou. O calouro tinha um ritmo mais acelerado de estudo: também fez cursinho, no Podium Pré-Vestibular, e passava entre oito e 10 horas diárias diante dos livros.
O estudante teve uma comemoração mais comportada ontem. Nada de ovos ou banho de tinta. O futuro médico saiu para jantar com a mãe, Kátia Correa Sales, e a avó Ieda Nunes Correa. Mas sabe que não passará impune pelos amigos. ;Acho que meu cabelo vai embora, mas faz parte.; Outros calouros ficaram carecas ontem mesmo. Bastou Gedeon José Marques Júnior, 20, anunciar a aprovação em ciências contábeis para as amigas aparecerem com tesouras. ;Foi difÃcil, mas meu esforço valeu a pena;, disse o morador do Gama.
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