Jornal Correio Braziliense

Cidades

Distrito Federal terá mais 60 barreiras eletrônicas

Além de substituir alguns pardais, as lombadas eletrônicas serão instaladas em vias que não possuíam fiscalização

A substituição dos pardais por barreiras eletrônicas vai começar em março. O governo licitou 60 equipamentos e pagará cerca de R$ 31,9 milhões pelo contrato de 60 meses. Com os novos aparelhos, 232 faixas de rolamento serão fiscalizadas pelas barreiras. Depois de quase um ano de processo de licitação, os envelopes foram abertos ontem cedo na sede do Departamento de Trânsito (Detran-DF). Sete empresas se habilitaram. ;Queremos começar a troca ainda em janeiro. Isso se não houver recurso na concorrência;, destacou o diretor-geral do Detran, Jair Tedeschi. Confira vídeo: Barreiras eletrônicas vão substituir pardais no DF A troca era promessa de campanha de José Roberto Arruda e vem sendo anunciada desde fevereiro de 2007, logo depois de ele assumir o governo do DF. Mas pouco foi feito até hoje. Dos 96 que seriam retirados das ruas em 2007, apenas nove foram substituídos por barreiras. E a Gerência de Engenharia de Trânsito do Detran ainda não concluiu o estudo que identificará quais e quantos pardais deixarão de existir. Mas uma coisa é certa: não serão 60 pardais a menos nas ruas. Isso porque parte das 60 barreiras licitadas vão ser colocadas em vias onde não existe nenhum tipo de fiscalização eletrônica. Esse levantamento revela que pelo menos 16 cidades, entre elas Águas Claras, Brazlândia, Ceilândia, São Sebastião e Brasília, receberão o equipamento. ;São vias com fluxo intenso de pedestre e outras onde vamos tirar o quebra-molas;, explicou Tedeschi. A demora na substituição do equipamento, segundo o diretor do Detran, se deveu ao processo licitatório. ;As empresas questionaram o edital, o Tribunal de Contas pediu explicações. Isso tudo demanda tempo de respostas e ajustes.; A mudança do sistema de fiscalização é uma das principais propostas do governador para o trânsito. Arruda já afirmou que quer trocar os 199 pardais existentes no DF. Mas Tedeschi tem tentado convencê-lo de que é tecnicamente impossível acabar com os radares. Critérios Os critérios que definem a instalação de um ou outro equipamento variam de acordo com as características da via, do fluxo de carros e de pedestres. No DF, o pardal é colocado nos locais onde é preciso obrigar o motorista a manter a velocidade, como o Eixo Monumental, a Avenida das Nações e o Eixo Rodoviário. A barreira eletrônica ; são 30 em operação atualmente ; serve para reduzir a velocidade em um ponto específico, como perto de escolas, hospitais e onde há fluxo intenso de pedestres. Já os ;cabeções;; 105 no total ; são instalados na frente dos semáforos, para flagrar quem avança o sinal vermelho. Em alguns casos, o equipamento capta o condutor que estiver correndo. O professor de engenharia de tráfego da Universidade de Brasília Paulo César Marques da Silva alertou para os riscos da medida adotada pelo governo. Ele explica que o pardal é um instrumento para o condutor obedecer o limite de velocidade. Já a barreira eletrônica serve para reduzir a velocidade, como um quebra-molas. Por isso também é chamada lombada eletrônica. ;A partir do momento em que o órgão de trânsito generaliza o uso da barreira, pode criar no motorista a sensação de que a velocidade só precisa ser respeitada naquele ponto específico;, avaliou. A notícia de que a troca dos pardais por barreiras vai sair do papel animou condutores flagrados por radares em 2008. O vigilante Wagner Barbosa, 25 anos, gastou mais de R$ 600 em multas ; três por excesso de velocidade e uma por avançar o sinal. Ele criticou o sistema: ;Muitos pardais ficam escondidos atrás de galhos de árvores e não dá para vê-los;. Para o bancário André Nunes, 37 anos, a medida também é positiva. No fim do ano passado, ele foi multado duas vezes por excesso de velocidade. Ambas na mesma barreira eletrônica, no Cruzeiro. ;A barreira é melhor porque é visível. O problema é que existem vias que possuem barreiras e pardais muito próximos, cada um com velocidades diferentes, confundindo o motorista;, comentou. Um exemplo disso ocorre no Setor Policial Sul. Lá há uma barreira que limita a velocidade a 50 km/h e logo depois há um pardal no qual o máximo são 60 km/h. Pique-esconde Arruda tem visão semelhante à dos dois condutores. ;O pardal é como se fosse uma brincadeira de pique-esconde com o motorista. Cumpre a missão de arrecadar, mas não educa para o trânsito. Quero acabar com isso;, disse ontem. O governador afirmou que pretende instalar placas ou visores sobre os pardais que permanecerem nas vias para alertar as pessoas a respeito da fiscalização. No ano passado, os equipamentos eletrônicos foram responsáveis por 1.058.543 das 1.527.239 infrações flagradas no DF. O número de infrações cometidas pelo brasiliense em 2008 ficou 23% acima do de 2007. As imprudências resultaram em uma arrecadação de R$ 88 milhões para os cofres do Detran, pouco menos que o total angariado com taxas e serviços, R$ 100 milhões.