A advogada Mariana Araújo, de 28 anos, só queria atender um dos últimos pedidos do pai, que morreu em agosto do ano passado. Ela organizou uma viagem à Europa para toda a família. Iriam passar 28 dias entre Roma, Florença, Londres e outras cidades históricas. Precisou mudar os planos ao descobrir que a agência de viagens Mix Turismo não tinha marcado nenhuma das reservas pedidas nem adquirido as passagens de avião e de trem exigidas. Mas embolsou o dinheiro antecipadamente. Parte do montante era da herança deixada pelo pai. Mariana, a mãe e a irmã sofreram um prejuízo aproximado de R$ 30 mil. ;Pretendo mover uma ação judicial contra a empresa quando voltar;, contou a advogada, que estava em Roma ontem e precisou diminuir o número de dias e de cidades visitadas para poder viajar auxiliada por outra agência.
Mariana foi uma das diversas vítimas de calote pela Mix Turismo que prestaram ocorrência na 5ª DP (Área Central de Brasília). Até ontem, aproximadamente 30 pessoas tinha registrado queixa e o prejuízo estava avaliado em cerca de R$ 300 mil. ;Iremos escutar o que tem a dizer todas as pessoas lesadas assim como a dona da agência de viagens;, afirmou o delegado-adjunto Marco Antônio Almeida. Ele ressaltou que, para poder haver algum indiciamento, é necessário a identificação de fatos que comprovem a existência de um crime. ;Precisamos ver se existem ou não indícios de que a envolvida manteve uma conduta intencional de induzir as vítimas a um erro;, explicou.
O Procon tem nove registros de reclamações contra a empresa. O órgão de defesa dos direitos do consumidor tem poder para cassar o alvará, fazer interdições e aplicar multas de até R$ 3 milhões às agências de viagens irregulares. As penas variam de acordo com a gravidade das injustiças constatadas. O Correio tentou localizar a responsável pela Mix Turismo. Laura Senatore, no entanto, não atendeu as ligações da reportagem. O advogado dela, Marcelo Ribas, afirmou que hoje terá uma reunião com a empresária para definir o posicionamento jurídico da empresa.