Jornal Correio Braziliense

Cidades

Boas idéias reduzem violência nas escolas do DF

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A violência é um problema constante nas escolas públicas do Distrito Federal e os exemplo no quadro ao lado são apenas uma amostra disso. É uma realidade triste, mas que pode ser mudada com projetos simples e baratos, que aproximam o aluno problemático do seio da escola e o insere no convívio social. Várias instituições têm conseguido resultados favoráveis. E uma iniciativa do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) pretende espalhar os bons exemplos. Oito deles foram apresentados ontem, em um seminário no auditório do órgão. O promotor do MPDFT, Rubim Lemos, fala sobre a implantação dos conselhos de segurança, uma alternativa para diminuir a violência nas escolas. Cerca de 200 alunos de escolas de Brazlândia, Ceilândia, Taguatinga, Núcleo Bandeirante e Guará mostraram, na prática, como estão mudando o ambiente escolar. A arte, em todas as suas formas, é a grande estrela nos programas que são aplicados com a ajuda do MPDFT em muitos casos. O órgão idealizou o conselho de segurança escolar, formado por representantes próprios, da escola e da comunidade. O programa começou há sete anos em cinco escolas escolhidas pela Secretaria de Educação por serem muito violentas. ;Nossa escola foi uma dessas;, lembra a vice diretora do Centro de Ensino Fundamental nº 20, de Ceilândia, Neide Reodrigues. ;Ela era toda pichada, tinha brigas, ataques com bombinhas, tráfico e uso de drogas, tudo de ruim;, enumera. O conselho investiu, no começo, na realização de oficinas e na conscientização dos alunos mais problemáticos. ;No começo foi difícil. Eles não queriam saber de nada, mas fomos criando uma cultura de paz no ambiente;, conta Neide. Hoje os projetos estão consolidados e os estudantes esperam ansiosos a realização de eventos como o festival musical do CEF 20. ;Mudou muita coisa. As pichações deram lugar ao grafite. O medo, ao ambiente de estudo e diversão. Falta muito, mas sinto que estamos no caminho certo;, valoriza ela, que apresentou os resultados a estudantes e autoridades. Hoje existem 36 conselhos desse tipo. São poucos, mas a idéia é aumentá-los, segundo o promotor Rubim Lemos, um dos idealizadores do programa. ;Eles estão mostrando resultados. Temos que celebrar também a ajuda da Secretaria de Educação, que está investindo nas boas idéias. Se continuarmos com esse trabalho, vamos alcançar nosso objetivo, que é a formação de indivíduos com moral e ética;, afirma ele, que há pouco tempo reclamava da falta de empenho do governo na área. ;As coisas mudaram;, comemora. Escolas que ainda não têm o conselho também apresentaram resultados positivos. No CAIC Professor Carlos Benedito de Oliveira, em Brazlândia, a violência atrapalhava os estudos, como conta o aluno Dioni Fernandes, 17. ;O pessoal mais barra pesada já saiu e quem ficou é mais consciente;, explica ele, que faz parte da rádio da escola. ;Essa rádio funciona nos intervalos. Cada dia são dois alunos que colocam um som e aproveitam para dar umas idéias boas para a galera;, completa. A rádio funciona desde outubro. Alunos da 5ª série do Centro Educacional nº 1 da Candangolândia mostraram que a conscientização pode começar cedo. Eles divertiram os presentes com trechos de uma peça chamada A camisinha cor de rosa e convidaram todos a conferir o resto na própria escola. Depois, alunas do Ensino Médio fizeram uma apresentação de dança do ventre, tudo aprendido na escola. ;O jovem tem muita energia. Temos que saber canalizá-la para o bem;, valoriza a diretora Irisneide Frota. Crianças ainda mais novas, alunos do Centro de Educação Infantil do Núcleo Bandeirante, encantaram a todos cantando músicas que pedem a paz e a conservação do planeta. As faixas foram gravadas pelos pequenos, de 4 e 5 anos, e escritas em conjunto, durante as atividades. Os oito projetos apresentados foram escolhidos entre 250 propostas enviadas ao MPDFT por 170 escolas. O órgão promete disponibilizar um banco de dados com essas idéias no site da Secretaria de Educação até o início do ano que vem. Quem estuda em escola pública agradece. Memória 29 de maio de 2008 O professor Valério dos Santos foi agredido nos arredores do Centro de Ensino Fundamental Nº 04, em Ceilândia. Ele tentou proteger o patrimônio da escola, mas levou socos e chutes até desmaiar. O agressor, Laerte Furtado, responde a processo por lesão corporal. 20 de junho de 2008 O diretor do Centro de Ensino Fundamental Lago Oeste, Carlos Ramos Mota, 44 anos, foi assassinado durante a noite no quintal da chácara onde morava, perto da escola. Segundo a polícia, traficantes e ex-alunos foram os responsáveis. Mota lutava contra a violência na escola, o que desagradou aos assassinos. 18 de agosto de 2008 Dois garotos de 14 anos, da 5ª série do CEF 308, em Santa Maria, foram atacados a golpes de tesoura por um colega. Um deles sofreu um corte profundo no pescoço que quase lhe causou a morte. A briga começou durante um jogo de futebol, mas a violência é uma constante no local.