A Necropsia do Hospital Regional de Planaltina foi palco nesta segunda-feira (10/11) de uma cena de descaso semelhante à ocorrida no Instituto Médico Legal (IML) de Luziânia, onde corpos ficaram, no mês passado, horas em exposição por falha em equipamentos. Parentes de pacientes mortos de Planaltina reclamaram que a câmara fria, onde são conservados as vítima recém-falecidas, estava quebrada desde sábado à tarde. Com isso, alguns corpos ficaram até 46 horas em temperatura ambiente.
A família de Maria Francisca, 54 anos, não pôde velar o corpo dela devido ao avançado estado de decomposição. Os médicos do Hospital anunciaram a morte da moradora do Setor Rajadinha (Planaltina) por volta das 16h de sábado. Os parentes aguardavam, desde então, a liberação do corpo para enterrá-lo. Em meio a isso, eles esperavam na Necropsia quando sentiram um cheiro insuportável. Um servidor, que pediu para não se identificar, disse o odor ocorria porque o equipamento responsável pela conservação dos cadáveres estava quebrado.
"O corpo de minha mãe estava dentro de uma das gavetas da câmara fria juntamente com outros dois. Mas o equipamento estava desligado, por isso o cheiro era insuportável", afirma Renata de Jesus Silva, 29. Segundo ela, havia outros corpos no local, um deles se encontrava em uma maca coberto com lona preta. Outra acusação da família é que não havia funcionário na Necropsia para liberar o corpo de Francisca. A família só conseguiu autorização para retirá-lo de lá às 14h. Francisca foi transportada no carro de uma funerária de Planaltina. Ela seguiu direto para o Cemitério Campo de Esperança, onde foi enterrada às 17h. "Vou ao Ministério Público amanhã abrir uma ação contra o estado", ameaça Renata.
A Secretaria de Saúde garantiu que o equipamento foi consertado às 15h desta segunda. A Assessoria de Comunicação explicou a câmara fria queimou no domingo à noite, durante o temporal. Porém, a família de Rômulo Dias Dourado, 30, questiona a resposta do órgão. "O corpo de meu irmão estava em uma maca, coberto por uma lona preta", afirmou Viviane Dias Dourado, 32. Eram 17h30, quando o carro do Instituto Médico Legal (IML) chegou para recolher os quatro corpos que ainda estavam no hospital.