Em um prédio do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), dezenas de pessoas com deficiência física e mental se preparam para enfrentar o mercado de trabalho. Estudantes do Centro de Referência em Educação Profissional aprendem uma profissão e são encaminhados a empresas. O projeto funciona há quase dois anos e é um dos finalistas na categoria educação do prêmio Mãos da Cidadania, oferecido pelo Correio Braziliense.
A entidade oferece cinco cursos gratuitos: telemarketing, corte e costura, auxiliar administrativo, informática e serviços gerais. O estudante Ailton José Teles, 24 anos, tem baixa visão e optou pela formação em telemarketing pela facilidade em se comunicar. ;Sempre tive vontade de estudar, acho uma área interessante para meu tipo de deficiência. Sempre fui comunicativo, gosto de falar;, disse. Ele conheceu o projeto ao renovar a carteirinha de passe livre e se matriculou em março deste ano. Ele acaba de ser aprovado no processo seletivo de uma empresa de informática local e começa o treinamento amanhã. ;Vou trabalhar no atendimento aos clientes que ligam. O preparo vem do dia-a-dia, mas o curso me deu uma ótima base;, afirmou o jovem de 24, que diariamente acorda às 5h30, pega o ônibus em Planaltina e às 8h está pronto para os estudos.
Deficiência mental
Este será o primeiro emprego de Ailton. Assim como ele, Vinícius Nunes, 23, sempre encontrou dificuldades para entrar em uma empresa. O rapaz é portador de deficiência mental e estuda para ser auxiliar administrativo. No centro, ele aprendeu a usar o computador e a realizar atividades básicas de escritório. Treina o que viu em sala de aula nos corredores da instituição, onde também atua como voluntário. ;Aqui é muito bom, eu gosto de ajudar. Tiro cópias e mexo no computador;, disse.
Desde 1999, o Instituto Cultura Educacional e Profissionalizante, onde funciona o centro, atua na inclusão de portadores de necessidades especiais no mercado de trabalho. Em 2007, as pessoas atendidas passaram a ter oportunidade de estudar e se preparar melhor para as seleções. Este ano, há 450 alunos matriculados no centro. Eles contam com material didático adaptado, como textos em letras ampliadas e tradutores de Libras para os deficientes auditivos. Para superar a dificuldade de locomoção de alguns alunos, o centro criou uma fábrica de cadeiras de rodas. Os equipamentos produzidos são doados aos estudantes. A entidade mantém um banco de dados com 5 mil nomes para indicar ex-alunos a novas vagas de trabalho.
No site do prêmio (www.maosdacidadania.com.br), os leitores podem votar no projeto preferido. Uma iniciativa de cada categoria será eleita vencedora. Até o dia 12, o Correio conta as histórias dos 14 finalistas escolhidos pela comissão julgadora. No próximo dia 20, os ganhadores serão homenageados na festa de entrega do prêmio.